Vai apanhar batatas
A palavra hobby é daquelas que importamos da língua inglesa e agora usamos como se fosse nossa. No fundo, quer dizer passatempo e é mesmo isso a que se refere: uma atividade que fazemos para passar o tempo.
Numa sociedade que quer e exige produtividade a tempo inteiro, acho que se torna cada vez mais importante permitirmo-nos ter tempo em que não procuramos completar nenhuma tarefa. Em que nos permitimos parar e dedicar-nos apenas ao que nos apetece fazer naquele momento. E isto de parar pode-se traduzir em mil e uma coisas diferentes. E o mercado já percebeu isto: cada vez mais, há diferentes oportunidades de entretenimento para passar uma manhã de sábado. Pelas ruas da cidade, encontram-se várias lojas que oferecem workshops de tudo e mais alguma coisa - porque tudo e mais alguma coisa é uma boa desculpa para sair da rotina e desconectar da correria habitual.
Muitas vezes, perguntam quem nós somos e falamos do nosso trabalho, do que estudamos, ou do papel que temos. Mas acho que somos tão mais que isso: somos os hobbys que temos, somos o que nos faz sorrir, somos o que ensinamos e somos a maneira como passamos os dias quando não se passa nada.
A melhor parte disto de ter hobbys é que nem precisamos de ser bons: só precisamos de os fazer. Seja pintar, fazer uma coleção, jardinar, cozinhar, renovar móveis ou costurar, estes hobbys permitem-nos ter um momento só nosso, onde o tempo corre de uma maneira diferente e onde a única medida de sucesso e produtividade é a nossa própria satisfação e alegria.
Qualquer pessoa pode ter um hobby - e pode mesmo ser um hobby qualquer.
Nem que seja ir apanhar batatas.
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