Tudo começou de mãos dadas #2
crónica anterior da série De mãos dadas - A Arte e a Religião de mãos dadas #1
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É impossível falar da história da arte sem mencionar - mais do que uma vez - a história da religião. Desde as pinturas rupestres nas Cavernas até obras mais recentes, a arte e a religião são duas dimensões indissociáveis.
Hoje, vamos perceber como tudo começou.
Antes dos museus requintados e das grandes e belas galerias, a arte tinha uma função bastante diferente da que, atualmente, lhe reconhecemos - antigamente, funcionava como uma dimensão estética da religião. No fundo, a arte servia para acompanhar as histórias contadas. Tal como o apóstolo Tomé, também o ser humano muitas vezes quer ver para crer, e as representações artísticas das histórias de Jesus e da vida dos Santos facilitava a prática da crença. Ao mesmo tempo, a arte servia ainda um propósito educativo, dando a conhecer ao público as passagens da Bíblia, agora vertidas em tinta colorida.
"A última ceia", de Leonardo da Vinci
em exposição em Florença
Fonte: Pinterest
Mas antes da Religião Católica dominar o mundo da arte, é possível recuar ainda mais no tempo para perceber como é que diferentes civilizações interligavam estas duas dimensões.
Os Gregos construíam estátutas dos seus diferentes Deuses para o povo ver a sua aparência e os poder venerar. Neste sentido, também os templos - enquanto obra de arte arquitetónica - foram criados para momentos de culto e oração.
"Grupo de laocoonte", dos escultores gregos Agesander, Polydorus e Athenodorus
em exposição no Vaticano
Fonte da imagem: Pinterest
No Antigo Egito, as pirâmides, os túmulos para faraós e até os hieroglifos eram manifestações artísticas e, simultaneamente, cumpriam com uma função religiosa, refletindo a crença dominante da vida após a morte. Mais do que um sistema de escrita, os egípcios encaravam esses hieroglíficos como uma arte sacralizada que possuía poder mágico.
"Great Sphinx of Tanis"
em exposição no Museu do Louvre
Fonte da imagem: www.louvre.fr
Neste início da história, uma parte das representações artísticas focavam-se na mitologia, mas frequentemente eram também celebradas pessoas comuns, como atletas, filósofos e guerreiros. Foi depois da queda do Império Romano que os artistas começaram a trabalhar, quase exclusivamente, sob a influência do clérigo.
Inevitavelmente, a religião começou a monopolizar as criações artísticas da Arte Ocidental. Assim, desde a Idade Média até ao fim do século XVII, a grande maioria desta arte representava e referenciava a doutrina Cristã.
Dizem mesmo que foi a Arte que ajudou o Cristianismo a tornar-se na maior religião Europeia durante séculos.
Nas próximas crónicas, vamos explorar como a Religião e a Arte deram as mãos na Idade Média e no Renascimento, percebendo de que forma uma dimensão ajudava no crescimento da outra.
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Bibliografia consultada:
https://owlcation.com/social-sciences/Relationship-Between-Religion-and-Art