Todo o tempo do mundo
Na maior parte dos dias, sou uma rapariga apressada e impaciente, admito. Se calhar, por isso valorizo também a calma e a tranquilidade para contrabalançar a agitação que os meus dias costumam ser.
Estou a escrever isto de férias, no meio do monte, e tenho todo o tempo do mundo. Não me imponho horas para acordar - durmo com a persiana do quarto aberta e deixo que o sol da manhã me desperte. Como quando tenho fome e não porque os ponteiros do relógio estão numa determinada posição. As tardes passam vagarosamente, sem a preocupação de preencher alguma lista de tarefas.
Ocupo o meu dia cheio de nada. Quão apelativo isto soa?
Tenho tempo para escrever no blog, fazer longas sessões de skin care, cozinhar sem pressa, ouvir os passarinhos a cantar enquanto que pinto um quadro e a vida vai correndo - ou melhor, rastejando, devagarinho e sem qualquer agitação.
E quando a mente está tranquila, podemo-nos dar ao luxo de só estar. É como gosto de dizer: quem está nas montanhas está só nas montanhas.
Não há tempo, nem lugar, para qualquer tipo de introspeção, reflexão sobre erros do passado ou planeamentos do futuro - quem está nas montanhas está mesmo só nas montanhas.
Confesso que nem sempre me é fácil adotar esta perspetiva e conseguir quase que pôr o cérebro em pausa. Estou de férias da faculdade mas continuo com algumas tarefas e responsabilidades pendentes. Ainda assim, escolho dedicar só uma pequena parte do meu dia a isso para depois voltar a ocupar-me com a arte de nada fazer. Aprecio muito todo este tempo do mundo que me dou ao luxo de conseguir ter.
Acho que ainda não consigo escolher se vivia sempre nesta calma ou se preciso da agitação urbana. Mas não há mal - afinal, ninguém me pediu para escolher.
Dá para ter tudo.
M