Reencontros bons
O tempo passa. E as tarefas surgem, os dias ocupam-se e vai sobrando pouco tempo para o resto, para aquilo que não é a maior prioridade do momento.
Mas de repente apercebem-se que já passou mais de um ano desde o último encontro e estão todos sentados numa mesa de café a falar quase a correr para fazer com que aquelas curtas horas passem devagar. Os olhos a tentar captar toda a mudança e os temas a saltitar de uns para os outros. As vozes interrompem-se, as histórias ficam a meio e as memórias partilham-se. Conta-se com leveza o que já passou e magoou, e com um entusiasmo grande o que foi bom e ficou.
A certa altura, a vida levou todos por caminhos diferentes que se vão cruzando quando dá. Mas quando estão ali, à última da hora, sentados naquela mesa de um café-não-assim-tão-bom, o agora é a única coisa em que se presta atenção.
Ao contrário do que costuma acontecer no dia-a-dia, a prioridade naquele momento não é falar: é ouvir. Quer-se ouvir como é que tudo aconteceu e o que vai no pensamento. Qual o futuro planeado e onde é que cabe espaço para a espontaneidade. Ouvem-se histórias repetidas do passado e partilham-se os novos planos e opiniões. Não se medem as palavras nem se contam as mentiras. A genuinidade é a palavra de ordem, e tudo o que ali é dito encontra um lugar seguro e um sorriso de confiança, encorajamento e empatia.
Todos mudaram, mas todos estão os mesmos. E percebe-se que a ligação, de alguma maneira, ainda se mantém.
Os ponteiros do relógio insistem em correr mais rápido do que as histórias contadas aos bocados, e chega a altura de pensar no próximo encontro. Desta vez com menos distância, prometem. Mas já se sabe o que o tempo gasta.
Talvez daqui um ano - ou menos, quem sabe. Seja quando for, irão sempre sair de lá com a mesma certeza: o tempo passa e muita coisa muda, mas ainda há coisas que vão aguentando e que - felizmente - permanecem as mesmas.
Há reencontros mesmo bons.
M
Para os meus amigos V, A, P e A - é sempre bom estar convosco!