Primeiro Mundo
As diferenças económicas e sociais entre países levaram à criação da expressão "países de terceiro mundo". Fazem parte desse conjunto os países que têm um baixo nível de desenvolvimento humano, uma taxa elevada de mortalidade e analfabetismo, instabilidade política e desigualdades socio-económicas. Podemos afirmar que estes países têm, efetivamente, muitos e grandes problemas.
Por oposição a estes países, temos os países de primeiro mundo: aqueles mais desenvolvidos a nível social, económico e político.
A par desta expressão, nasce outra ainda: problemas de primeiro mundo - para referir as questões que atormentam a vida dos habitantes dos países de primeiro mundo e que são, vamos ser sinceros, muito menos preocupantes e graves do que as dores sofridas pelos países de terceiro mundo.
Estes problemas estão, maioritariamente, relacionados com questões de bem-estar (tanto físico e psicológico), conforto e estilo de vida. Acho que não erro quando digo que todos já tivemos pequenos problemas de primeiro mundo. Do meu lado, posso admitir que já tive a minha quota-parte.
Quero muito uma roupa assim e assado mas não encontro o modelo perfeito em lado nenhum. Que azar, tenho de acordar cedo para ir até à faculdade. Não sei se vou jantar a este restaurante ou aquele, que decisão difícil! (e a lista podia continuar).
Quão priviligiados somos por ter acesso à educação? E a possibilidade de ter comida na mesa, e ser uma escolha o que comer e não se comer?
Ainda assim, sou a maior apologista de que nenhum problema deve ser diminuído só pela mera existência de outro mais grave. Todas as dores são válidas, não devia existir isso de uma dor maior que outra. Se dói, dói! Primeiro mundo ou não, são problemas que afetam o quotidiano e o bem-estar das pessoas que os têm (com mais ou menos lógica racional - o que quer que isso seja).
Dito isto, reconheço também a importância de pôr em perspetiva o dito problema, adotando uma visão mais ampla e geral da situação e questionando-nos se um pequeno aborrecimento valerá a pena tanta chatice.
Uma boa maneira para lidar com estes problemas de primeiro mundo é vê-los como uma oportunidade de crescimento, aprendizagem e, no limite, até inspiração. Resolver a questão com uma solução criativa. E com isto não pretendo dizer que se deve retirar uma enorme lição de vida de um pequeno problema.
Por exemplo, a ideia de escrever este texto veio precisamente de um meu problema de primeiro mundo: quero comprar umas toalhas de algodão, e que chatice não encontro umas em lado nenhum (!). Pensar nisto fez-me refletir sobre toda esta questão de problemas que nos assombram a cabeça mas que são, no fundo, uma demonstração imensa da sorte que temos por ser esta a maior das nossas preocupações.
Claro que podemos ter estes problemas de primeiro mundo, e não somos piores pessoas por isso. Mas podemos, também, fazer um esforço para sair da bolha em que vivemos e nos apercebermos do imenso privilégio que temos.
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