Pensos rápidos
Existem problemas onde não existem soluções, e também existem soluções para problemas que ainda nem existem. E depois existem ainda soluções para problemas que realmente existem, mas que só resolvem temporariamente o caos: gosto de lhes chamar as soluções pensos rápidos.
Não vejo mal neste tipo de resoluções: claro que o que todos queremos são soluções permanentes, mas se, por vezes, o melhor que conseguimos arranjar são soluções temporárias, temos de (aprender a) aceitar isso. Tal como os pensos rápidos (aqueles que se usam nas feridas exteriores), as soluções temporárias criam uma barreira protetora e impedem a entrada de outras dores. Passado um bocado, o penso fica gasto e é preciso tira-lo, deixando, de novo, a ferida ao ar - com as consequências que isso traz.
Numa curta ida ao supermercado encontramos uma variedade enorme de pensos rápidos: vemo-los em caixas diferentes, com cores e tamanhos distintos, apropriados para cobrir várias zonas do corpo. Também as feridas internas podem ser (temporariamente) solucionadas com uma variedade enorme de pensos rápidos: um passeio ao sol, um dia fora da rotina, ou até um filme no sofá com o cão ao colo.
Não acho haver mal nenhum neste tipo de soluções: pequenos pensos rápidos que aliviam a dor no imediato enquanto pensamos numa melhor e mais eficiente maneira de resolver o problema a longo prazo.
Do meu lado, posso admitir que tenho utilizado a minha quota-parte de soluções penso rápido, e não consigo ser senão grata por as poder ter.
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