Os ses da felicidade
Vou ser feliz se arranjar o trabalho perfeito. Vou ser feliz se comprar a minha casa de sonho. Vou ser feliz se encontrar alguém que me ame. Vou ser feliz se...
A felicidade não é - ou, pelo menos, não devia ser - condicional. Cair nesta ilusão de achar que vamos, finalmente, atingir a felicidade quando todos os fatores da equação se alinharem é cair num ciclo interminável. De repente, essa condição de que tanto dependia a nossa felicidade verifica-se e rapidamente a substituímos por outra (e agora sim, agora é que vou ser mesmo feliz!).
A felicidade não é - ou, pelo menos, não devia ser - um objetivo de destino. Soa clichê, mas é a verdade: a felicidade sente-se (e conquista-se) ao longo do caminho. São milhares de coisas pequeninas e, ao mesmo tempo, é coisa nenhuma.
Ideal mesmo (e, admito, um pouco utópico) é não fazermos depender a nossa felicidade de nada externo. Se a conseguirmos encontrar, (pelo menos quase) todos os dias, dentro de nós já ganhamos a lotaria da vida. Sujeitar a nossa felicidade a algo extrínseco tem o seu quê de perigoso, porque a qualquer momento esse fator externo pode-nos ser retirado - E depois? O que sobra?
Em vez de esperarmos pelo próximo grande acontecimento que nos vai deixar a chorar de felicidade, podemos tentar encontra-la diariamente. Sermos gratos pelo que temos por oposição a procurar incessantemente (e até obsessivamente) pelo que não temos (mas que se tivéssemos, aí é que éramos felizes!). Aceitarmos a vida como ela é (sem perder o desejo de lutar pelo que realmente queremos), em vez de constantemente tentarmos mudá-la numa manifestação enorme de insatisfação.
Se calhar é melhor pensar assim: vou ser feliz se assim o decidir.
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