Onde está Deus?
Às vezes, tentam encontrar Deus nas igrejas e ficam revoltados quando não o vêem, quando ouvem homilias com as quais não conseguem concordar e quando lêem notícias que lhes deixam um nó no estômago.
Outras vezes, tentam encontrar Deus nas orações aflitas e nos milagres de última hora, e ficam revoltados quando não percebem porque é que tanta gente boa morre e questionam-se como é que ainda há guerras se Deus existe mesmo.
Numa tentativa de se afastarem de Deus, as pessoas afastam-se das Igrejas e afastam-se das Orações. Agarram-se a argumentos bem construídos para justificar a sua falta de fé e procuram respostas lógicas para as injustiças do mundo.
Não quero parecer muito ousada: mas cá para mim, andam a procurar Deus nos sítios errados. Ao assumir que Deus só se manifesta em grandes e especiais momentos, falha a visão de O encontrar no quotidiano comum. E mesmo correndo o risco de soar cliché, Deus encontra-se mais facilmente do que pensamos, no dia-a-dia rotineiro. Umas vezes mais escondido, outras vezes em plena luz do dia. No ouvido amigo que pacientemente escuta as nossas preocupações, no olhar atento de quem repara em pormenores, na boca de quem connosco partilha as suas preocupações e no cheiro a floresta.
E já sabemos que os clichés existem porque há neles uma verdade. E Deus está mesmo nas pequeninas coisas: na simpatia de quem nos abre a porta, na criança que sem nos conhecer sorri para nós, nas palavras de conforto que nos chegam sem termos pedido por elas. Deus está no céu com mil cores no final de um dia mais difícil, na brisa do vento que por nós passa quando precisamos de coragem para continuar e nas borboletas que encontramos que nos fazem lembrar alguém especial.
Se calhar, em vez de tentar encontrar Deus podemos partir da premissa que ele está, efetivamente, connosco.
A tarefa, agora, é só reconhecê-Lo.
(É que as pessoas podem tentar afastar-se de Deus, mas se olharem com atenção vão conseguir ver que Deus não se afastou delas.)
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