O Sal da Vida
"A vida seria aborrecida se fosse toda de rosas. O sal tomado só é amargo; mas dá sabor agradável à comida. As dificuldades são o sal da vida." - Badden-Powell
Já partilhei no blog a minha longa viagem até Liubliana, com mais contratempos do que os que alguma vez podia imaginar. Apesar de terem sido dois dias longos, posso resumi-los em poucos números: um voo cancelado, um voo desviado, um autocarro, dois comboios, e quatro países em dois dias.
No último comboio já estava, confesso, irritada e cansada com a complicação toda que estava a ser chegar ao meu destino final. A certa altura, todos os passageiros estão a olhar pela janela para apreciar o sol a pôr-se em cima do mar Adriático. Nesse momento, recordei esta frase que me tinha vindo à cabeça quando estava no aeroporto de Veneza (o 4º aeroporto onde punha os pés naqueles dois dias...) e sorri para mim mesma: as últimas vinte e quatro horas tinham sido salgadas, mas aquela experiência tinha conseguido ser bem saborosa.

fotografia do meu diário de Erasmus, onde todas as aventuras ficaram registadas
É verdade: não é fácil adotarmos esta perspetiva. Olhar para as dificuldades como aquela pitada de sal que a comida tanto precisa. Encarar os momentos menos maus como impulsos para um melhor momento, e não como um atraso no caminho até esse sítio melhor.
Admito que raramente encaro os problemas desta maneira - e é precisamente por este motivo que achei importante estar a escrever sobre esta frase. É normal o desânimo e até algum desespero que sentimos quando encontramos um problema no percurso que esperávamos fazer sem percalços. Quem é que vê uma dificuldade ao longe e vai a correr ter com ela, abraça-a, dá as boas vindas e até quer dizer-lhe obrigada?
É certo que, às vezes, esses contratempos nos vão levar a lugares melhores - só que outras vezes - e, diria até, a maior parte das vezes - os problemas vão nos por em lugares onde preferíamos não estar. E depois é chato sair de lá, se insistirmos em não procurar pela saída.
Como é que se encontra o equilíbrio então?
Não sinto que seja preciso adotar uma postura quase de gratidão plena por cada momento mau que vem ter connosco: não precisamos de fazer uma ovação ao sal que encontramos na comida.
Mas também não sinto que seja preciso deitá-la ao lixo só por estar demasiado salgada.
M