O que fica
Por vezes, os caminhos desencontram-se, os valores mudam e o tempo, simplesmente passa. Não tem de doer, mas saber isto causa tristeza: nem todas as pessoas que passam na nossa vida ficam nela para sempre.
(E é assim que é para ser. O amigo de sempre transforma-se num estranho que esperamos não encontrar na rua. A presença constante é, agora, só um par de mensagens que se trocam no aniversário. E a melhor companhia daquela altura está noutro país, noutra cidade e numa outra vida totalmente distinta da nossa.)
(fonte: Pinterest)
É normal que o convívio contínuo se transforme num espelho de ações. Mas é quando a pessoa vai embora que nos apercebemos do que ficou de quem foi. Não ficam só as memórias ou as saudades. Não ficam só os momentos, as rotinas perdidas ou os planos que já não se vão realizar. Ficam, também, pequenos hábitos e manias. Ficam novos gostos, novos jeitos de fazer as coisas e novos tiques.
Quase sem repararmos, damos por nós a repetir uma frase que o outro dizia sempre. A fazer um pedido diferente no restaurante de sempre, e a voltar a comprar o perfume que nos ofereceram há tanto tempo porque ficamos fã do cheiro.
Por vezes, a ausência de quem não ficou dói. Mas é tão bonito encontrarmos pedaços dessas pessoas em nós: quase que parece que nunca foram embora.
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