o que faz a Arte
Quase tão antiga como a questão quem veio primeiro: o ovo ou a galinha? é a pergunta será que dá para separar a arte do artista?
Defendo e acredito que sim. (Mas reservo, também, a possibilidade de o artista assim não o querer, e imergir a arte na sua vida, e deixar que a sua vida toda se reflita na arte que faz.)
A arte é uma forma de expressão, e nem sempre nos exprimimos da mesma maneira que vivemos a vida e que sentimos as nossas emoções: podemos falar sobre amor sem o sentir, podemos pintar a raiva quando estamos em paz, podemos compor a mais bela e triste sinfonia quando todo o nosso ser é alegria.
E é nesta infinitude de possibilidade de criação e recriação que está a verdadeira beleza da Arte. Porque não temos de ficar presos ao que conhecemos, ao que vivemos, ao que sentimos ou até ao que pensamos. Podemos ir para além disso, podemos explorar sítios onde nunca fomos e falar de sensações que nunca tivemos. Podemos inventar e reeinventar as vezes que quisermos, criar os contos como os queremos e dizer que acreditamos mesmo que há um sítio onde as ideias vivem à espera de ser colecionadas.
É que é mesmo isso que faz a arte: deixa-nos ir mais longe. Não nos obriga a ficar presos a um papel que temos de cumprir, a um rótulo que um dia definiu quem éramos e a uma opinião de uma cabeça teimosa que não muda de ideias.
(Deixem o artista em paz, e deixem a arte fazer o que faz!)
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