O que aprendemos à força
Há uns tempos escrevi aqui no blog sobre como é fácil dar conselhos aos outros, porque os seus problemas são sempre, aos nossos olhos, mais fáceis de resolver. Confia em mim que já passei por isso, é melhor fazeres assim.
Ideal mesmo era aprendermos com os erros dos outros, numa perspetiva um pouco egoísta de evitar a nossa própria queda. Se o outro já foi por aquele caminho e viu que não tinha saída, se calhar nem nos vale a pena sujeitar a ter que chegar ao fim só para depois ter que voltar para trás. (Claro que não há verdades ou soluções absolutas, e o que funciona-para-mim-não-vai-necessariamente-funcionar-para-ti, mas isso agora é irrelevante para propósitos literários.)
O problema, tenho-me vindo a aperceber, é que nos é muito difícil aprender pelas experiências dos outros – afinal, não éramos nós que estávamos lá, naquela dor, naquele tombo. Não foi o nosso nariz que bateu naquela porta. Então, começamos a ter que aprender coisas à força, começamos a ter que ser nós a sofrer e a ir até ao fim do percurso só para perceber que realmente havia outro caminho a seguir.
Se refletirmos, tenho a certeza que encontraremos dentro de nós aquelas lições que aprendemos da maneira difícil. As conclusões a que finalmente chegamos, mas só depois de muito teimar e lutar e insistir. As consequências que inevitavelmente apareceram de tanta insistência (agora, desnecessária) da nossa parte. Mas há sempre o exemplo do vizinho do lado, que já tinha passado por isso, que até já nos tinha aconselhado a ir por outro lado, mas que nós optamos por não acreditar.
É que acho que as coisas funcionam assim: dizemos que gostávamos de nascer ensinados para evitar certos dissabores, mas chega à altura e escolhemos aprender essa lição à força.
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