O Futuro que Assusta
O presente ainda nem acabou e já sou obrigada a pensar no futuro. O que quero fazer, onde quero fazer e como quero fazer.
Não sei o que vou querer daqui a um ano - como é suposto decidir? (Mas há prazos para cumprir, e decisões para tomar.)
Não sei se gosto do que ainda não experimentei - é suposto adivinhar? (Mas há prazos para cumprir, e ninguém espera por mim.)
É estranho pensar no futuro quando ainda se está a aprender a viver no presente. Como se conjugam verbos num tempo diferente quando tudo o que apetece é ficar no gerúndio do fazendo, aprendendo e vivendo?
Pensar no futuro é estranho porque, se formos a ver, vemos que o futuro nunca chega. E quando parece que está a chegar, surge um futuro novo e nunca lá chegamos mesmo.
Se mal sei quem sou agora, como é suposto saber quem vou ser nesse tempo que nunca chega?
Mas há prazos para cumprir e decisões para tomar. Invento e reeinvento onde quero estar, sem saber se esse dia, como o imagino, vai chegar.
Há futuro que entusiasma, não nego isso.
O problema é que há, também, um futuro que assusta.
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