O ato mais criativo
Recentemente, tenho refletido sobre como conseguimos - se nos predispusermos a tal - encontrar inspiração em todo o lado. Tudo - se nós o deixarmos - pode ser fonte de criatividade: determinada situação pode não nos acrescentar nada em concreto, mas nunca sairemos a perder se, de algum modo, nos inspirar.
Tenho pensado muito sobre toda esta questão da criatividade e o que isso realmente significa para mim. Quando falo em criatividade não me refiro ao ato literal de criar algo novo, como um texto ou uma pintura.
Para mim, a criatividade é a possibilidade de poder pensar e imaginar sem limites. De sonhar para além do que já foi feito e reinventar o que já vimos fazer tantas vezes. É a opção de escolha entre o simples e fácil ou o complexo que desafia e exige (auto)crítica.
É o tempo que não é passado a pensar em maneiras de ser produtivo e que acaba, por algum motivo, a aumentar a produtividade. E é, também, a permissão própria de ter más ideias e de as aceitar como elas são.
E é com tempo livre que nos podemos permitir explorar o lado mais criativo que temos. Podemo-nos dar ao luxo de passar um bom bocado a explorar determinada ideia, em vez de a descartarmos logo porque a correria da rotina nem permite outra coisa.
Temos de nos permitir olhar para o mundano com olhos que procurem por criatividade, e com uma mente que tenha sede de ser inspirada.
São tantos os sítios onde esta criatividade nos é pedida, mas cada vez acredito mais que onde esta qualidade faz realmente falta é quando pensamos em quem queremos ser.
Já escrevi aqui no blog sobre o nosso direito de identidade e até sobre os rótulos que temos, mas a boa notícia é que - como diz no livro que ando a ler - a nossa identidade não está gravada em pedra.
E perceber finalmente isso é um alívio enorme.
A qualquer momento, podemos decidir que queremos ser uma nova pessoa e que queremos romper com tudo (ou uma parte, só) do que já fomos. E é aqui que a criatividade entra em ação: usamo-la para descobrir quem realmente queremos ser para, depois, sermos exatamente isso.
É que vamos a ver e percebemos que o ato mais criativo é mesmo o ato de nos criarmos a nós próprios.
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