O ar do campo
Haverá melhor rotina que a que temos no ar do campo? Durante uns dias, temos a oportunidade de desligar o barulho da cidade e conectarmo-nos com o silêncio do campo. Ganhamos mais tempo para estar. Os pormenores assumem o papel principal no espetáculo da nossa visão, e os pensamentos que estavam a tentar esconder-se regressam à superfície com a calma que merecem.
Longe dos bens materiais que ficaram na cidade, trazemos connosco apenas o essencial que conseguimos encaixar, como um puzzle bem feito, na mochila já cheia.
As preocupações não desaparecem por magia - não nos deixemos enganar. Apenas ganham uma nova perspetiva que, se calhar, faz tudo parecer mais pequenino.
Perante o silêncio do campo, somos confrontados com a verdade que andamos a tentar escapar. Ao mesmo tempo que os montes nos convidam a viver o presentes, vem o vento puxar-nos para um momento de reflexão. O que queremos quando temos tempo para pensar? Há alguma coisa fora do sítio que merece a nossa energia a consertar?
O conceito de "viver lentamente" começa a fazer sentido e sente-se esse chamamento enquanto nos deitamos na cama de rede estrategicamente posicionado na sombra.
Acordar com o sol a entrar pela tenda, sentir o cheiro a campo logo pela manhã. Comer no prato quente a comida acabada de fazer e arranjar água fresca para matar a sede. Encontrar uma sombra fresca no calor da tarde e apreciar o sol a pôr-se. À noite, ver as estrelas e tentar identificar as constelações. Procurar pela lua e pela chuva de meteoritos que anunciaram nas notícias.
No dia seguinte, repetir.
Haverá algo melhor que isto?
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