Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Designing My Dream Life

18 de Setembro, 2024

No Renascimento, ainda de mãos dadas #4

Crónica anterior da série De mãos dadas - Na Idade Média de mãos dadas #3

*

Aspiração pela perfeição. O Homem no centro do Universo. Deus vertido na Natureza. Representação fiel da realidade. Utilização de luz e de sombra.

Estas são algumas características marcantes da arte do Renascimento, um período temporal compreendido entre o século XV e o século XVII. Esta foi uma das correntes artísticas mais emblemáticas, que nasceu em Itália, mais concretamente em Florença, mas rapidamente se espalhou para o resto da Europa. Este movimento encontrou a sua inspiração no Classicismo Grego, e pretendia reviver esse realismo e individualismo. Assim, os artistas tentavam mimicar as obras de arte da civilização grega, com especial destaque para as estátuas com detalhes incríveis, como músculos, veias e o tecido da roupa.

Contém uma imagem de: Il David by Michelangelo

"David", de Miguel Ângelo

em exposição em Florença

Fonte: Pinterest

Falar da Arte Renascentista implica falar, também, da família Medici que foi, na época, um enorme mecenas da produção e criação artística focada no humanismo e na representação do ser humano. Apesar de, inicialmente, este movimento ter encontrado alguma resistência por parte da Igreja, esta família de mecenas conseguiu, com a sua influência junto a altos membros do Clero, mudar essa postura, promovendo, assim, não só a aceitação como também o apoio da arte Renascentista.

Um exemplo, certamente por muitos conhecido, desta conexão entre a Arte e a Igreja é o inconfundível teto da Capela Sistina, pintado por Miguel Ângelo a pedido do Papa Júlio II.

Por causa desta incrível obra de arte, várias igrejas pela Europa acolheram este estilo Renascentista, e assim o Renascimento encontrou o seu caminho para as igrejas e catedrais. Assim, a religião continuava a ser o principal tema da arte, sendo ainda a Igreja o maior patrocinador da criação artística.

Imagem do Pin de história

em exposição no Vaticano

Fonte da imagem: Pinterest

Estes séculos marcaram um ponto de viragem no modo como o Homem se via e como encarava o mundo ao seu redor. Enquanto que durante a Idade Média a arte estava profundamente ligada à religião, o Renascimento trouxe um novo olhar que aproximada o divino do humano, sem nunca perder a sua majestade. As criações artísticas continuam, sem dúvida, a ter uma ligação muito forte à Igreja, através das representações da Virgem Maria, dos Santos e Cristo - mas estas imagens passam a ser encaradas e exploradas de formas diferentes. Começam-se, então, a ver traços humanos, corpos proporcionais e emoções reais nas obras, como a estátua de Miguel Ângelo que representa a Virgem Maria com o seu filho, Jesus, morto nos seus braços. 

Através de uma representação mais dramática e emocional - para os espectadores se sentirem impactados pelas histórias sagradas - a arte Renascentista afastou-se e distinguiu-se, assim, da arte da Idade Média, em que os santos eram representados como ícones distantes e quase que inacessíveis.

 

scultoreo.jpg

"Pieta", de Miguel Ângelo

em exposição no Vaticano,

Fonte da imagem: www.vaticannews.va

A religião continuou, sem dúvida, a ser uma força poderosa de criação artística - mas agora com novas técnicas (com especial destaque para a perspetiva) e diferentes preocupações intelectuais, resultando num estilo que combinava o paganismo com o cristianismo, e unia o espiritual com o mundano.

No entanto, a arte do Renascimento não se limitou a temáticas religiosas, tendo ficado para a posteridade diversas obras icónicas desse período, como a misteriosa Mona Lisa. 

Contém uma imagem de: How to Use Atmospheric Perspective to Create Depth in Your Paintings

"Mona Lisa", de Leonardo da Vinci

em exposição em Paris,

Fonte da imagem: Pinterest

Estes séculos ficaram, também, marcados pelo crescente interesse pelo conhecimento científico, filosófico e literário. Foi nesta época que Galileu Galilei comprovou a teoria heliocêntrica, que defendia que era a Terra, afinal, a girar à volta do sol. Esta descoberta foi diretamente contra os ideais geocêntricos (que colocavam o Homem no centro do Universo), e fez com que o cientista fosse julgado pela Inquisição, forçado a renegar publicamente todas as suas conclusões.

Embora a arte e a religião não se encontrassem em conflito direto, a verdade é que com o decorrer do tempo e com o intensificar do pensamento Humanista, começaram a surgir tensões entre os ideais religiosos e esta nova visão do mundo centrada no ser humano.

Esta divergência não levou - pelo menos imediatamente - a um rompimento entre estas duas dimensões, Arte e Religião. No entanto, esta harmonia não durou muito tempo... 

Na próxima crónica vamos perceber que a Arte e a Religião nem sempre deram as mãos.

Até já ;)

M

 

Bibliografia consultada:

https://gulbenkian.pt/museu/read-watch-listen/a-arte-do-renascimento/ 

https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-renascentista/renascimento/https://www.youtube.com/watch?v=_uq9fUmFHL0

https://smarthistory.org/michelangelo-ceiling-of-the-sistine-chapel/

https://www.britannica.com/question/How-did-humanism-and-religion-affect-Renaissance-art

https://www.youtube.com/watch?v=icuXh-9BkuE

https://www.youtube.com/watch?v=tecocKSclwc

2 comentários

Comentar post