Janeiro que durou mil anos
Acho que todos repararam que o mês de janeiro chegou ao fim. Para muitos, este foi sentido como um mês que durou mais do que é suposto, e eu não fui a exceção.
Contudo, não estou aqui para me queixar. Na verdade, ao contrário do que parece ser a opinião maioritária, ainda bem que janeiro demorou a passar. Deu tempo para fazer tudo e no meio disso ainda sobrou tempo para não fazer nada. Tempo para riscar itens que há muito estavam pendentes na minha lista de vontades, e tempo para descansar e nada ter de fazer. Tempo para fazer o que se tem de fazer, mas também tempo para fazer o que se quer fazer – e há muito que não tinha tempo para isso.
Houve tempo para tudo e admito que me soube muito bem. Comecei o mês com exames na faculdade e com toda a rotina que isso implica - estudar, ler, reler, rever e depois repetir tudo outra vez. Depois fiquei de férias, e fiquei com toda a rotina que me posso dar ao luxo de não ter. Acordar sem horas, mas sempre com vontade de aproveitar o sol. Fazer desporto, fazer arte e fazer viagens. Fazer o que já queria há tanto tempo ter oportunidade de fazer e fazer o que me ia apetecendo. Foi um mês feliz com um coração tranquilo e um sol que acompanhou a boa energia que tive sempre, e há muito tempo que não tinha um tempo assim.
Às vezes parece que o tempo passa a correr e nós corremos atrás dele, sem oportunidade de parar um bocadinho, olhar à volta e apreciar a paisagem e o desenrolar dos dias. Há meses que são mais assim, com pressa e listas de tarefas que nos cortam a visão periférica impedindo-nos de ver o resto.
E depois há outros meses que são como janeiro foi - um mês em que o tempo passou devagar e em que tive a oportunidade de o realmente ver passar.
Melhor que isso: a oportunidade de o aproveitar.
M