Inspirar e não pirar
No seguimento da última publicação sobre criatividade, achei interessante desenvolver um pouco o tema da inspiração, uma vez que estes dois conceitos estão tão intrinsecamente ligados.
Uma das maneiras de potenciar a criatividade é, precisamente, procurar (propositadamente ou não) por inspiração. Esta pode ser uma tarefa frustrante, uma vez que encontrar o que procuramos pode demorar. O ditado a prática leva à perfeição adequa-se, de certo modo, aqui também. Podemos - e diria até, devemos - treinar a nossa mente para reconhecer a inspiração quando ela aparece e, de certo modo, aprender a abraçá-la.
A busca intencional por inspiração parte do pressuposto de que sabemos o que é que realmente nos inspira. Uma boa maneira de descobrir é fazermos o exercício constante de nos questionarmos "de onde veio esta ideia que acabei de ter?".
Essa foi uma reflexão que já fiz e que venho, agora, partilhar.
1. Pinterest
Esta famosa rede social é, sem dúvida, uma das minhas maiores fontes de inspiração. A base de dados da aplicação tem milhares de fotografias dos mais variados temas, que se encontram com apenas um clique.
Sempre que pretendo procurar mais sobre um determinado assunto abro a barra de pesquisa e mergulho na quantidade infinita de fotos que lá estão disponíveis. Neste processo, é comum uma foto despoletar a minha imaginação, fazendo-me lembrar de outras ideias que já tive e interligo-as todas. Nasce, assim, uma nova ideia.
Este processo de associação que o nosso cérebro é capaz de fazer entre coisas que, à partida, nada se assemelham umas às outras é muito interessante. E é aqui que nos apercebemos de que a máxima o conhecimento não ocupa lugar faz, realmente, sentido.
2. Loja dos chineses
Admito que esta minha fonte de inspiração possa parecer inesperada mas, por algum motivo, resulta comigo, principalmente quando preciso de ideias de como executar algum trabalho manual.
Muitas vezes sei que trabalho manual quero executar, mas não sei como o executar. Aí, o simples passeio pelos corredores da loja dos chineses cheios de tintas, carimbos, pincéis e outros materiais artísticos é suficiente para me originar uma solução.
3. Diálogo (ou, admito, Monólogo)
Pedir ajuda foi um dos pontos mencionados na publicação anterior sobre como potenciar a nossa criatividade. Para mim, o mero ato de explicar a alguém o problema que tenho em mãos - que será, normalmente, um impasse no processo criativo - é solução quase certa para o resolver.
Claro que também gosto de debater ideias e receber opiniões, mas admito que na maior parte dos casos apenas expôr o problema é suficiente para me fazer avançar.
Por outro lado, se esperarmos que a inspiração simplesmente nos encontre temos que estar preparados para a receber. Isto é, a busca não intencional por inspiração requer uma atenção especial ao que nos rodeia. A famosa diferença entre ver e observar.
Situações do dia-a-dia podem, por exemplo, ser uma excelente fonte de inspiração para a resolução de algum problema. Só temos que estar dispostos a apercebermo-nos disso.
A propósito desta temática lembrei-me de uma frase atribuida a Henri Matisse:
Não esperes por inspiração. Ela vem enquanto trabalhas.
Seja de uma maneira ou outra, uma vez inspirados é altura de pôr mãos à obra. Nesta fase é importante distinguir a inspiração da cópia. Podemos, e devemos, recorrer a todas os meios de inspiração, seja qual for a sua fonte. Ceder à facilidade da cópia pode ser tentador, no entanto, é crucial focarmo-nos na autenticidade das nossas ideias.
Para terminar, deixo uma imagem de um quadro de Matisse, intitulado Le bonheur de vivre (A alegria de viver).
Espero que encontrem inspiração nos sítios mais inesperados! E se ela demorar a chegar... não pirem!
M