Inspiração de mãos dadas #8
Crónica anterior da coleção De mãos dadas - Já não de mãos dadas #7
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Ainda que de maneira diferente da que vimos acontecer na Idade Média ou no Renascimento, atualmente a Arte voltou a encontrar na Religião uma fonte de inspiração. Temas como a Fé e o Divino dão, muitas vezes, o mote para a criação artística.
A procura de respostas para questões universais como o sentido da vida, a mortalidade e a divindade levaram à criação de variadas obras de arte que, apesar de não terem a função utilitária que lhes era reconhecida no século XII, tocam em questões espirituais profundas.
Agora não tanto numa vertente de religião organizada - e já sem a Igreja a ser um grande mecenas de produção artística - é bonito ver como Deus e a Fé continuam a ser um mote para o mundo da Arte. Continuam-se a construir igrejas, escrevem-se poemas, cantam-se músicas e fazem-se pinturas que, de um modo mais ou menos direto, são sempre uma forma de chegar até Ele.
Excerto da música "Vai"
Ouvir aqui: https://youtu.be/gOQfidAaV7g
Atualmente, em vez de se manifestar através de um modo mais institucional, a espiritualidade encontrou novos canais de expressão artística, carregando uma carga mais introspetiva e subjetiva.
No mundo conteporâneo, a autonomia dada aos artistas para explorar as complexidades da Fé dá-lhes liberdade para abordar o Divino de formas que desafiam as convenções sociais. Pretende-se, assim, mais do que transmitir uma mensagem religiosa, proporcionar uma verdadeira experiência de transcendência e proximidade com Deus (seja qual for o Deus em que acreditamos).
A beleza da arte reside na possibilidade de uma só peça ser vista de mil diferentes maneiras, e cada um tem a possibilidade de olhar para o que tem à frente com as lentes com que escolhe ver o Mundo.
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