Gestão de Riscos
A metodologia utilizada na gestão de riscos é relativamente uniforme: reconhecer o risco em causa, determinar qual o evento que o potencia, avalia-lo com base numa matriz probabilidade vs impacto, decidir sobre o seu tratamento e, se se optar por o aceitar, aplicar medidas de mitigação para diminuir o nível de risco apurado.
Tenho trabalho com este tema e estou num nível tal de imersão que, outro dia, dei por mim a pensar - será que dá para gerir riscos na vida?
Qualquer que seja o risco que identificamos na vida, o evento associado é sempre o mesmo: estar vivo. Pois é, parece um cliché mas é mesmo assim: viver implica aceitar riscos.
Podemos cair no erro de achar que, na vida, eliminar riscos implica uma inação - ficar parado no tempo, deixar os dias passarem e não arriscar. Contudo, se formos pensar um pouco mais no assunto, apercebemo-nos que mesmo o não arriscar acarreta os seus próprios riscos. O não fazer nada, afinal, não elimina os riscos - apenas os transforma numa ameaça mais silenciosa, mas igualmente implacável.
Enquanto a gestão de riscos corporativos se foca na previsibilidade, na vida as variáveis são menos tangíveis - e a tão conhecida matriz não consegue mensurar o impacto de nunca tentar. E o que esta matriz não nos diz é que o maior risco não é o tentar, com uma determinada probabilidade de falhar - mas sim nunca ter, sequer, a coragem de começar. A coragem de arriscar.
O não arriscar pode surgir como uma opção segura, mas é um caminho ilusório. O não fazer nada leva-nos a uma vida insossa, sem grandes desafios, é certo - mas também sem grandes emoções.
Se quisermos mesmo aplicar a metodologia de gestão de riscos à nossa vida, o foco devia estar em perceber qual o custo de não arriscar? E começar a partir daí.
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