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Designing My Dream Life

16 de Fevereiro, 2023

Escapadinha de fim de semana

M

Lembro-me de, há uns anos, ler numa revista um artigo sobre o conceito de slow living (viver devagar) e as suas implicações em diferentes vertentes - como slow eatingslow travelling (comer e viajar devagar).

Recordo-me do segmento sobre slow travelling me ter marcado especialmente. Este conceito é contra as viagens curtas, uma vez que não permitem ao viajante mergulhar no ambiente e cultura do local para o qual viaja. Para além disso, propõe que se visite para além dos pontos turísticos, que se contacte com os locais e que se prove a comida típica. Neste sentido, as viagens prolongadas são o ideal para quem gosta de slow travelling, uma vez que permitem ao viajante vaguear calmamente pelas ruas, conhecer os segredos locais e entrar no espírito da cidade.

Hoje não venho escrever sobre slow travelling, mas sim precisamente sobre o oposto - uma escapadinha de fim de semana. Ora, esta ideia de escapadinha - ou, como se diz em inglês, weekend getaway - vai precisamente contra tudo o que o conceito de slow travelling defende. Nestes curtos dias, como o tempo é pouco, a pressa e a organização tem de ser muita. O roteiro deverá ser determinado com uma precisão quase ao segundo, para nos certificarmos que não perdemos nenhum ponto turístico dado como imperdível num qualquer artigo de opinião que lemos antes de entrar no avião.

No último fim de semana, o destino escolhido para a minha escapadinha foi Madrid. Não tinha, admito, uma vontade especial de visitar essa cidade, mas tinha - na verdade, tenho sempre - uma vontade especial de viajar. Assim, esta escolha foi baseada num mero fator: praticidade. A Ryanair tem voos diretos para a capital espanhola a partir do Porto e, para estas datas, os preços estavam bastante simpáticos.

O voo de ida foi sábado, pelas 7h30, e o regresso domingo, às 23h30, esticando ao máximo estes dois dias de turismo. Em menos de 48h, consegui não só visitar todos os pontos da lista previamente feita, como ainda pude andar pelas ruas sem destino e sossegar os pés cansados nos belos Jardins do Parque do Retiro.

O contacto com os locais ocorreu apenas com os funcionários de museus que insistiam em falar espanhol comigo como se eu tivesse a obrigação de perceber a língua e como se não fosse (quase) óbvio que era uma turista. Fora isso, não interagi com nenhum local que me levou a conhecer as ruas mais secretas (como sempre acontece nos filmes).

Relativamente à comida típica, tenho de admitir que não gosto de demasiados alimentos para me permitir arriscar e comer as típicas tapas espanholas.  O jantar de sexta foi num restaurante de hambúrgueres que também há no Porto e o (ótimo) pequeno almoço de domingo teve lugar num sítio com uma ementa igual a tantas outras que existem na minha cidade. Não fosse a deliciosa empanada de frango que comprei numa das várias banquinhas do Mercado San Miguel , a prova de comida local não acontecia.

As visitas e fotografias restringiram-se aos pontos turísticos e expectáveis de uma ida a Madrid: Museu do Prado, Museu Rainha Sofia, Palácio Real, Palácio de Cristal, Jardins do Retiro, Templo de Debob, Praça de Espanha (...).   Como seria de esperar, uns sítios maravilharam-me mais que os outros.  Ainda assim, não foi necessário andar a correr de um lado para o outro e houve tempo para apreciar o momento e o local (corri quase todas as "capelinhas" do Museu do Prado, os meus pés já só me pediam para parar - mas a arte lá exposta vale muito a pena visitar).

Isto das escapadinhas vai mesmo contra tudo o que o slow travelling defende - está mais que óbvio que passei ao lado de tudo isso. Mas não me queixo. Não fui com outra intenção senão esta.

Prefiro deixar a vida lenta para a calma das montanhas e os sítios que já me conhecem, e continuar a aproveitar assim fins de semana para escapar da correria da minha vida e entrar na correria de outras cidades.

Um dia destes que viva lentamente venho aqui escrever sobre o assunto ;) 

M