De quem é a culpa?
O trabalho que queríamos não nos é oferecido, o plano sai furado e a relação termina torta. O sol não apareceu quando precisávamos e o que queríamos comprar está esgotado. Algo corre mal - isto é, como não queríamos que corresse - e procuramos alguém para pôr as culpas.
Ou se diz que é o destino que não quis que assim fosse ou foi a outra pessoa que fez asneiras. Ou Deus não estava do nosso lado ou os sonhos que tínhamos eram grandes de mais. Ou a culpa é das expectativas que se criaram ou é de um estranho qualquer que nem sabe quem somos.
Algo corre mal, e tentamos perceber de quem é a culpa.
Pode ser mais fácil dizer que é melhor não ter expectativas como medida de regulação da desilusão e do entusiasmo. Parece apetecível pôr a vida nas mãos do destino, para ir dormir com a certeza que tudo corre como tem de ser, e se não foi como nós queríamos é porque há de ser melhor. É preferível agarramo-nos à oração que diz seja feita a Sua vontade ou então fazemos por sonhar com moderação.
De quem é a culpa quando tudo corre ao contrário da direção para onde nós corremos?
Não sei.
Mas de que isso importa? Uma coisa é certa: o que fazemos depois da corrida trocar de sentido já é connosco. E se nada fizermos depois, aí a culpa já é toda nossa.
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