Como estás?
Tenho um amigo que tem a mania (bonita) de perguntar como estás? em vez do típico então, está tudo bem?. Pode parecer uma mudança frásica muito pequena, mas já me apercebi que o impacto que tem na abertura e na sinceridade com que a outra pessoa responde é enorme. É uma mera pergunta pequenina, mas traz nela um grande convite para uma conexão autêntica.
É muito fácil criarmos relações supérfluas na vida que corre: está cada um focado no seu mundo, nos seus problemas e nas suas rotinas. Não nos damos ao tempo de realmente conversarmos uns com os outros nem de verdadeiramente ouvirmos o que o outro tem para dizer. Rapidamente caímos na armadilha de interações meramente sociais, desprovidas de qualquer real significado.
Não estou a dizer que estabelecer relações genuínas é tarefa fácil: dá trabalho, requer compromisso e uma paciência que, muitas vezes, não estamos dispostos a ter. É preciso ter empatia pelo que o outro sente e nós não compreendemos. Perceber que nem sempre vamos receber na mesma medida em que damos - e não é por isso que há menos amor envolvido.
Quando chega ao final do dia e já nos fartamos de conversas de circunstância, começa a fazer falta uma conexão verdadeira e genuína, onde podemos responder com sinceridade quando nos perguntam se está tudo bem.
Ao procurar por esta autenticidade, vamos perceber que também é preciso alguma coragem: coragem para sermos nós próprios, sem necessidade de filtros que escondam as dores que todos temos.
Como estás?
Não há mal em admitir que está tudo mal - e mesmo que o outro nada possa fazer para resolver o problema, só o ouvir já pode fazer muita diferença.
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