A reinvenção da arte
A realidade social é um prisma complexo que não pode ser olhado ou analisado apenas de uma perspetiva. E a arte não é exceção. Nunca existiu num vácuo - sempre dialogou com o contexto onde existia, com a sociedade à sua volta e com todas as mudanças políticas e económicas da época.
Há cerca de um ano escrevi, aqui no blog, uma série chamada De mãos dadas, que explorava a maneira como a Arte e a Religião se influenciaram mutuamente, ao longo dos séculos.
Hoje, o desafio a que me proponho é outro: perceber de que forma as mudanças tecnológicas reinventaram a arte - não apenas nos meios e ferramentas, mas também na própria forma como criamos, partilhamos e experenciámos o que é artístico.
Para entendermos como é que a tecnologia veio reeinventar a arte, é importante começarmos por definir o próprio conceito de tecnologia. Não falamos aqui (apenas) de máquinas, algoritmos ou inteligência artificial. Este termo refere-se a um "conjunto de ferramentas disponíveis para a humanidade num determinado momento do tempo" - estas ferramentas resultam da "aplicação do conhecimento científico para fins práticos, especialmente na indústria."
Podemos até recuar ao período pré-histórico. Quando o ser humano aprendeu a dominar o fogo, o impacto não se limitou à possibilidade de cozinhar alimentos ou aquecer espaços. Agora, era possível iluminar as paredes das cavernas, possibilitando o desenvolvimento da arte rupestre.
Mais tarde, a invenção de novas ferramentas, materiais, a revolução tecnológica do século XIX e a nova revolução do século XXI veio impulsionar novas reeinvenções da arte - mas isso fica para depois.
Vamos ver como a tecnologia esteve sempre interligada com a arte - não como um mero acessório, mas como uma aliada silenciosa que abriu novos caminhos e expandiu todo um mundo de possibilidades.
A tecnologia evoluiu e a arte reinventou-se.
M
Bibliografia:
https://www.europarl.europa.eu/RegData/etudes/IDAN/2019/634439/EPRS_IDA(2019)634439_EN.pdf