A Moda dos Mercados
Nos últimos anos tem-se verificado um aumento no número de supermercados e de grandes superfícies comerciais. Ao mesmo tempo, o número de mercados de rua diminuiu.
Recentemente tenho sentido que esses poucos mercados começaram a ter a atenção do público turístico, como se de uma atração se tratasse. As pessoas entram, tiram umas fotos, marcam um check na lista que fizeram sobre o que pretendiam visitar naquela cidade e vão-se embora.
Não estou, de todo a criticar esta atitude. Alías, sou "culpada" disto também. Nas minhas últimas viagens, visitei o mercado de Liubliana, Zagreb, Banja Luka, Budapeste, Viena e Veneza e não porque acidentalmente os encontrei no meu percurso. Deliberadamente, através de um mapa ou GPS, fui até eles, sem pretender comprar algo.
As barracas não são ocupadas só com fruta e legumes. Nestes grandes mercados há lugar para tudo: pão, carne, peixe, flores, especiarias, enchidos, doces artesanais, ... e a lista podia continuar. Tendo uma boa gestão, os mercados aproveitam-se do interesse turístico e lucram com isso. O comércio acaba por se interligar com a cultura, e acredito que muitos beneficiem que assim o seja.
Por exemplo, em Naschmarket (o mercado de Vienna) encontram-se banquinhas dedicadas apenas à venda de pequenos objetos de recordação de viagem, como ímans e camisolas com o nome da cidade.
Apesar desta visão assim meio que romantizada da moda que são, atualmente, os mercados, claro que não nos podemos esquecer que esses espaços são o trabalho e fonte de rendimento de muitas pessoas. Não é costume ver alguém entrar num supermercado ou loja de shopping e começar a tirar fotos aos produtos. Então porque é que muitos o fazem em mercados?
Esta visita aos mercados oferece-nos a possibilidade de mergulhar no comércio local. Há algo de cativante em passear entre as bancas, ver as frutas organizadas, os clientes regulares a escolher com cuidado que vegetal levar e sentir a calma que não se vê nos supermercados.
Ontem de manhã fui visitar o Mercado do Bolhão no Porto, que foi recentemente renovado. Aproveitei para comprar flores e ainda bebi um sumo de manga natural. Tanto numa banca como na outra fui muito bem atendida pelas senhoras que gerem aquele pequeno espaço.
Da perspetiva de uma leiga em arquitetura e gestão territorial, sinto que a obra foi muito bem conseguida. O espaço está visualmente mais limpo e organizado, mas o "espírito" de um típico mercado não se perdeu. As bancas têm todas nome, e os corredores têm placas com nomes de ruas (inventadas), o que não só facilita a estrutração do espaço como também é um daqueles pequenos detalhes que muito acrescenta ao seu encanto.
É sempre bom conhecer novos espaços da nossa cidade e, se possível, apoiar o comércio local.
A quem visite o Porto ou quem é de cá e ainda não o conhece aconselho que sigam esta moda e passem pelo Bolhão!
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