A mania dos filósofos
Que mania a dos filósofos de tentarem definir tudo!
O problema principal da chamada filosofia da arte é a sua tentativa de definição. Afinal, o que é que torna um determinado objeto arte e outro não?
São várias as teorias que tentam responder a esta pergunta. Umas acreditam que a definição de arte se encontra na emoção que o artista pretendeu transmitir e que o leitor efetivamente recebeu. Outras defendem que a chave para a definição se encontra fora do objeto - por exemplo, algo será uma peça de arte se estiver dentro de um museu (mas quem é que o pôs lá? que critérios seguiu para considerar aquela peça digna de uma parede num museu?). Existem ainda outras teorias que argumentam que a arte não é, nada mais nada menos, que uma mera tentativa de mímica ou imitação de uma realidade já existente.
Como era de esperar, não se chegou a nenhuma conclusão. Todas as teorias têm diversos argumentos a seu favor (como era expectável), mas também lhes são apontadas várias críticas. Ora são teorias muito limitativas, ou muito subjetivas. Ora se focam pouco no espectador, ou demasiado na necessidade de intenção expressiva do autor.
Um dia, o meu professor de piano perguntou-me o que é que era, afinal, a arte. Estive uma semana à procura de respostas na internet, e não consegui chegar a nenhuma conclusão. Sendo sincera, nem acho que seja preciso.
Para mim, a arte é quase tão pessoal como o amor - ninguém o consegue definir, mas conseguimos sentir. E o que para mim pode ser arte, para a outra pessoa não será - e nenhum de nós está necessariamente errado.
Aqui fica um registo de um quadro de Monet, que tive o privilégio de ver no Schloss Belvedere em Vienna. Não consigo explicar o que senti ao ver este quadro (deve ter sido a tal emoção estética que uma das teorias da filosofia da arte defende). Não me importa qual a intenção do artista ao pintar esta peça, ou se só é arte por estar num museu. Para mim, foi arte porque me falou ao coração, e eu estava genuinamente feliz a passear pelas salas do palácio.
Percebo esta mania dos filósofos de tentarem definir tudo: é mais confortável e seguro vivermos num mundo com normas e regras.
Ainda assim, sinto que há palavras que são grandes demais e onde cabem tantos sentimentos que não encaixam - nem deviam encaixar - numa curta entrada de dicionário.
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