A dor dos outros
Há algo de simples e leve que encontramos na dor dos outros e que não descobrimos na nossa. O mesmo se passa com a solução para os seus problemas: é tão descomplicado e claro o caminho a seguir.
Contudo, se formos olhar com alguma atenção para os conselhos que damos, rapidamente nos apercebemos que estamos perante um dos famosos casos olha para o que eu digo, mas não para o que eu faço. E isto não é culpa de um carácter q.b. hipócrita, que resolve com uma enorme facilidade os problemas alheios, mas lidaria de modo substancialmente diferente com os próprios. Deve-se apenas ao facto de a dor dos outros ser, aos nossos olhos, consideravelmente mais leve - ou, pelo menos, mais resolvível.
Dizemos se eu fosse a ti..., cobertos de um manto enorme de empatia que tão orgulhosamente nos caracteriza. Distribuimos conselhos como se fossemos donos da razão e de toda a sapiência que possa existir, e ainda temos a audácia de atirar para o meio da conversa um uma coisa parecida já aconteceu comigo, vou-te contar essa história.
A empatia é uma coisa bonita, mas dar espaço ao outro para respirar também é. Quando ele quiser, poderá vir ter connosco e pedir o que precisa: um ser todo feito de ouvidos, ou um que terá todo o gosto em disponibilizar a sua mãozinha para ajudar.
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