A avó do meu amigo
Numa aula aleatória de Português no 8º ano, a avó do meu amigo foi à escola falar-nos sobre poesia. Já não me lembro de quase nada que disse, mas um conselho que deu ficou comigo até hoje: peguem num caderninho e apontem os vossos poemas preferidos. Desde esse ano que assim o fiz.
O primeiro poema que escrevi, em julho de 2015, foi o Não digas nada, de Fernando Pessoa. Adoro especialmente os versos Há tanta suavidade em nada dizer/E tudo se entender.
Alguns poemas têm pequenas notas: por exemplo na página do poema Quando eu nasci escrevi no final da página "Poema preferido da vovó R".
Tudo o que eu achasse bonito guardava e depois escrevia aqui. Já passaram 8 anos e ainda uso o mesmo caderno, quase sem espaço.
Sempre que abro o caderno penso na avó do meu amigo, e no quão boa foi esta ideia que a senhora nos deu há tantos anos.
Folheá-lo é quase como viajar no tempo, e revisitar diferentes alturas da minha vida, com diferentes sentimentos, e diferentes poemas que me marcaram.
O último poema que apontei foi em fevereiro do ano passado, de Samuel Becket:
Falhar melhor não sei,
mas falhar sempre
exige muita pontaria.
Está na altura de atualizar o caderno, entretanto já descobri muita nova poesia bonita :)
M