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Designing My Dream Life

27 de Maio, 2025

É isto crescer? #6 Manual de sobrevivência

Manual de sobrevivência para aguentar os primeiros meses da vida adulta

1.Na dúvida, fazer comida a mais. Se sobrar, congela-se e é sempre bom ter comida já pronta.

2. Fazer assados é mais difícil do que parece. Em caso de dificuldade, ligar à avó.

3. As plantas morrem. As suculentas também. (Não é culpa minha, juro!)

4. A casa nunca vai estar sempre limpa. O pó existe - é assumir que vai continuar lá.

5. A máquina de lavar tem mil e um programas diferentes, mas se usarmos sempre o mesmo a roupa fica igualmente lavada!

6. Ir ao supermercado com uma lista poupa tempo - mas andar a passear pelos corredores de comida pode dar inspiração para variar o menu. É encontrar um equilíbrio.

7. Mesmo o trabalho de que gostamos tem dias chatos. Faz parte.

8. Vale a pena dar uma hipótese à sopa de supermercado. (Mas nada substitui a sopa dos pais!)

9. Quantas mais tupperware tivermos, mais comida podemos acumular. Nota importante: investir em tupperware.

10. Quando pensas que já sabes tudo - pensa de novo!

 

(Tenho de confessar: fazer esta lista foi mais díficil do que parecia inicialmente. Parece-me que ainda preciso de mais uns meses de prática nisto da vida adulta para poder estar numa posição de autoridade para continuar a escrever. Afinal... é isto crescer?)

M

22 de Maio, 2025

É isto crescer? #5 Ser adulta é dar festas (e limpar tudo)

Acho que o cume da montanha da vida adulta é organizar festas. Tem de ser!

No fim de semana do meu aniversário senti-me bastante adulta. Não porque tenha feito algo extraordinário como submeter o IRS ou entender a linguagem complexa de um contrato bancário - mas porque organizei uma festa. Bem... na verdade, porque organizei três!

É que organizar uma festa não é só aparecer - é preciso limpar antes, limpar depois, cozinhar a comida, distribuir a comida que sobra, abrir a porta aos convidados e fazer questão de falar com toda a gente.

E tudo isto com um sorriso. Idealmente, com roupa gira. E, se possível, sem parecer cansada.

Pois é, descobri uma nova definição disto de crescer: ser adulta é dar festas... e depois ter de limpar tudo.

É stressante, é reconfortante, é tudo misturado. É ver a casa cheia de gente de quem gostamos, mas sonhar com o momento em que ela volta a estar vazia. É cozinhar com amor, mas desejar que alguém tivesse trazido qualquer coisa já feita. É falar alto e rir às gargalhadas mas ficar com medo do barulho ser demasiado ao ponto de incomodar os vizinhos.

A vida adulta é isso: um equilíbrio delicado entre o entusiasmo de juntar pessoas e o arrependimento silencioso que se instala quando está o chão todo sujo. Mas no fim - quando a casa está em silêncio, a loiça toda lavada e o chão limpo há uma paz pequena, mas poderosa. Uma sensação discreta de vitória.

Organizar festas pode ser o cume da montanha... mas lá de cima a vista até é bonita.

É  isto crescer?

M

 

PS: dedico este texto à minha mãe, que dá festas como ninguém - e faz isso como se fosse tão fácil 

20 de Maio, 2025

A mania dos números redondos

povo tem a mania dos números redondos - e confesso que eu também padeço dessa síndrome. Pois bem, chegou a altura de festejar mais um número redondo - os 200 textos aqui publicados no blog!

Achava que estava a ficar sem ideias para celebrar mais um número redondo - mas a verdade é que 200 é um número bem grande e, afinal, ainda tenho o que dizer!

Duzentas crónicas. (Pelo menos) duzentas vezes em que me sentei em frente ao computador, abri uma nova página de edição e deixei as minhas mãos espelharem o que me ia no pensamento. Duzentas ocasiões em que partilhei pedaços de mim, opiniões certeiras, dúvidas inquitetantes e tantos desabafos que agora já nem me dizem nada.

É verdade - podia celebrar o texto nº 197 ou o 203 mas, como comecei por dizer, tenho a mania dos números redondos. Quase como se eles valessem mais do que os outros números. Como se fossem mais simbólicos, mais dignos de destaque. Claro que cada texto é importante por si só - defendo mesmo que as coisas podem (e devem!) ser um fim por si próprio, mas os números redondos trazem consigo este convite para a reflexão. E eu tinha de surfar esta onda!

Será que vêm mais 200? Vou ficar aqui para ver! ;)

M

16 de Maio, 2025

É isto crescer? #4 24 anos, 24 lições e/ou clichés

Como modo de celebração (digital) do meu vigésimo quarto aniversário, e já que ando numa onda de reflexão sobre isto de crescer, decidi (tentar) escrever 24 lições aprendidas nestes últimos 24 anos de vida. Algumas mais óbvias, outras que demoraram mais a interiorizar, alguns clichés e umas verdades que só recentemente começaram a fazer mais sentido.

Não é uma lista definitiva, nem particularmente revolucionária — mas é honesta. E talvez, quem sabe, sirva para alguém (ou para mim no futuro) como lembrete ou ponto de partida.

Então aqui vai: 24 coisas que aprendi (ou estou a aprender) aos 24.

1. A mudança assusta, mas é uma coisa boa! E é como dizem: depois da tempestade, vem a bonança. 

2. Mesmo depois de um dia péssimo, o sol nasce novamente na manhã seguinte. Saber isso já traz um quentinho no coração.

3. As nossas ações têm consequências - e as nossas inações também.

4. Muitas vezes, somos mesmo o que mais criticamos.

5. A má notícia é que as amizades, com o passar do tempo, mudam de forma. A boa notícia é que, ainda assim, continuam lá. 

6. A autodisciplina é uma manifestação muito forte no nosso amor próprio - a motivação não existe sempre, mas a disciplina pode existir.

7. Não podemos controlar o que nos deixa triste, mas podemos controlar como reagir quando ficamos tristes.

8. Não há nada que umas horas na natureza não cure.

9. Os rótulos que nos queixamos dos outros nos colocarem são, muitas vezes, rótulos que colocamos a nós próprios.

10. A melhor maneira de ganhar um novo hábito é juntá-lo com outro hábito já estabelecido.

11. Não basta só amor para uma relação funcionar.

12. Mais rapidamente nos arrependemos do que não fizemos do que o que efetivamente fizemos.

13. Não controlamos o que os outros pensam de nós, mas podemos controlar o que dizemos e o que fazemos.

14. Nem sempre "faz aos outros o que gostavam que te fizessem a ti" é um bom princípio. 

15. Devíamos agradecer mais vezes por ter um corpo capaz de nos fazer viver tanto.

16. Não guardar roupa para uma determinada ocasião especial - podemos fazer do dia o que quisermos.

17. Conformismo é o caminho mais fácil, é certo, mas não é o caminho mais fixe.

18. É verdade o que se diz — a vida acontece fora da zona de conforto. Mas não nos esqueçamos: há também muita coisa boa, segura e necessária dentro dela. 

19. Dormir não é desperdício de tempo - é essencial para uma vida equilibrada e saudável.

20. Nunca sabemos o que o outro está a passar - na dúvida, ser simpática.

21. Não faz mal em sentir tudo muito intensamente: o truque é aprender a ver o lado bom disso.

22. Ir ao psicólogo faz bem!! 

23. Vale mesmo a pena fazer coisas só por diversão

24. Nunca achar que já sabemos tudo. Não sabemos nem metade do que pensamos.

... é isto crescer?

M

12 de Maio, 2025

É isto crescer? #3 Já ninguém me diz o que fazer

Cheguei aqui. Àquele sítio tantas vezes desejado: ninguém me diz o que fazer. Posso ser dona e senhora das minhas decisões. Posso escolher não fazer a cama, posso decidir a que horas jantar. Posso comprar o prato cor-de-rosa com flores que mais ninguém gosta, só porque me apetece. Posso sair sem ter de avisar ninguém, ou posso ficar o dia todo em casa em silêncio e ninguém pergunta nada.

Isto de ter autonomia de decisão é muito engraçado, mas só enquanto é fácil. É que depois surgem decisões chatas de tomar, escolhas difíceis de fazer, e agora que ninguém me diz o que fazer, também já ninguém decide nada por mim.

Já ninguém me diz o que fazer: e dizer isto em voz alta tem tanto de liberdade como tem de assustador!

Há dias em que dava jeito que alguém ainda me dissesse o que fazer, alguém que ainda me lembrasse de levar a casaco porque vai chover ou alguém que me indicasse qual o melhor caminho a seguir. Se calhar, porque quero-me libertar da autorresponsabilização de eventualmente tomar a decisão errada.

Talvez, isto de crescer seja assumir o ónus da escolha e as consequências que vêm com ela. É aceitar que, por vezes, vamos escolher mal e provavelmente até nos vamos arrepender, vamo-nos enganar no caminho, vamo-nos molhar com a chuva, e vamos comprar o detergente que não era, afinal, o mais ideal. E perceber que, ainda assim, a vida seguiu.

Já ninguém me diz o que fazer: tenho de repetir esta frase várias vezes para perceber que tem tanto de bom como de mau - abre tantas possibilidades e, ao mesmo tempo, levanta tantas perguntas.

É que com esta liberdade a mais, vêm certezas a menos.

É isto crescer?

M

05 de Maio, 2025

É isto crescer? #2 A viver o futuro com que sonhávamos

A linha entre o presente e o futuro é muito ténue. Na teoria, o presente é o hoje e o futuro é o amanhã - pelo menos, foi assim que nos ensinaram a conjugar os verbos na escola. Parecia que entre uma coisa e a outra haveria sempre tempo. Haveria sempre uma espécie de ponte, uma distância passível de atravessar entre o que somos e o que queremos ser. 

Mas ninguém nos disse que essa ponte é feita de areia. Nem que quando damos por isso já a estamos a atravessar. Entretanto, chega o dia seguinte e o presente atualiza-se. As conversas de "um dia quero fazer isto" transformam-se em "nem acreditas no que fiz ontem". E num piscar de olhos, o futuro deixa de ser promessa e transforma-se em passado. Os planos e os desejos dão por si concretizados, e sem darmos por isso, damos por nós a viver no futuro com que sonhávamos.

Se calhar nem reconhecemos o cenário à primeira vista: o futuro que imaginávamos tinha mais certezas e menos dúvidas, mais respostas e menos perguntas - mas se repararmos bem, o hoje é o amanhã de que tanto falávamos. É real: a vida com que sonhávamos chegou.

É que o tempo não avisa quando muda de fase. O futuro não chega com um grande anúncio - na verdade, a maior parte das vezes chega silencioso, como quem não quer a coisa. 

Acordámos, seguimos o nosso dia e, no meio do que é a nova rotina, damos por nós a viver momentos que, noutras alturas, só existiam em conversas de café com os nossos amigos.

Pode tudo não ser exatamente como imaginávamos, mas há magia em olharmos à volta e perceber: estamos aqui. A fazer acontecer. A ser quem, em tempos, tanto quisemos ser.

Crescer, afinal, não é um salto - é um caminho. E se nos permitirmos parar por um segundo, podemos perceber que estamos a caminhar na direção certa. 

É isto crescer?

M