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Designing My Dream Life

22 de Maio, 2024

Projeto em Construção

Somos seres humanos - o que é o mesmo que dizer que somos seres imperfeitos, seres em constante mudança, seres dotados de uma consciência capaz de percecionar as falhas e os defeitos. Seres que, depois, decidem melhorar essas lacunas identificadas.

Mas a linha entre o desejo de mudar e a obsessão pela melhoria contínua é muito ténue. De repente, parece que a moda é tratar o ser humano como um projeto em construção com necessidade de constante evolução.

Parece que nunca somos bons o suficiente, e há sempre livros de auto-ajuda à disposição, prontos para nos dizer precisamente isso. Ensinam-nos O Poder do Agora, mas dizem-nos para Não ficar onde já não se está. Impingem-nos A Rotina Matinal Perfeita e falam-no de Hábitos Atómicos para incentivar a produtividade, ao mesmo tempo que vendem guias de mindfulness e relaxamento.

Quando é que parou de ser aceitável ter falhas e começou a ser falhanço não embarcar nesta jornada de auto-conhecimento em direção à nossa melhor versão?

O problema de o ser humano ser visto como um projeto em construção é a realização de que nunca vai estar finalizado. É perceber que o sinal "trabalhos a decorrer" vai-se manter a ocupar espaço, e ver que o caminho não tem um destino - é sempre a andar em círculos, a melhorar o que já foi melhorado. É arriscar passar uma vida de insatisfação constante, resultado da comparação com um eu inatingível.

E será que é essa a vida que queremos? Uma vida em que a auto aceitação é substituída pela autoavaliação? Onde cada hábito que temos tem que contribuir para o sucesso que nos dizem que temos de querer, e não à simples diversão? Uma vida em que o maior objetivo é preencher uma lista de metas, em vez de encontrar as metáforas das coisas belas da vida?

Onde é que o trabalhar para nos tornarmos na nossa melhor versão termina?

M

15 de Maio, 2024

(quase) 5 anos depois

Passou a semana da Queima das Fitas, e com ela alguns festejos que decorrem deste novo estatuto que adquiri: ser finalista.

Não vou negar, parece-me estranho estar a celebrar agora, quando ainda vem a corrida final - uma preenchida época de exames, mas não podia deixar de registar este momento. 

Quase 5 anos passaram desde que comecei um novo capítulo na minha vida: ser estudante universitária. E agora, quase a chegar ao fim, não consigo evitar olhar para trás e não me prender em todos os bocadinhos de sorte que fui colecionando ao longo do caminho. O meu eu passado fez uma escolha acertada quando decidiu que este curso era O caminho a seguir - e o meu eu futuro, vejam a sorte, adorou cada momento.

Sem descurar os desafios que inegavelmente também existiram, fica também muito presente na memória todo o trabalho, resiliência e dedicação que coloquei em mim, nos meus objetivos e nos projetos todos que surgiram.

M. que entrou na faculdade há 5 anos, com medo do que viria, já não é a mesma pessoa que agora escreve este texto. Os últimos anos fizeram-me ver como é bom fazer amigos novos, como os melhores desafios se encontram fora da nossa zona de conforto e mais do que tudo, como a mudança tem tudo para ser uma coisa  mesmo boa.  

Passei os últimos 5 anos a fazer malabarismo, a tentar encontrar e viver o equilíbrio de quem quer ter tudo. Quase 5 anos depois consigo dizer de sorriso na cara que consegui, da melhor maneira que podia. E saber que somos capazes é meio caminho andado para onde quisermos, mais tarde, chegar.

Ainda não sei o que esperar do futuro, e isso assusta-me um pouco. Mas consigo relaxar por saber que der por onde der, estes últimos anos valeram mesmo muito a pena.

Não podia pedir mais do que isso.

M

03 de Maio, 2024

Num tom mais leve

As estrelas, que sem serem entendidas como desejos escondidos, fazem desenhos no céu e nos mostram o Norte, e não o destino.

O pôr do sol, que é apenas uma pintura de cores e não uma metáfora para um fim que pode ser bonito. As flores que nascem na Primavera, não com a promessa que tudo recomeça, mas apenas com a ciência do decorrer do tempo.

Os animais que se abraçam porque são o amor na forma mais pura, e não porque nos fazem lembrar daquela saudade especial. O cheiro a mar, que é só isso: cheiro a mar, e não a memória dos navios partidos e dos sonhos perdidos. A chuva forte que cai, que não é vista como tristeza descarregada na terra, mas sim como uma necessária etapa daquilo que é o ciclo da água.

O silêncio que é mesmo só a ausência de barulho, e não a mágoa do que ficou por dizer. As montanhas que vemos no horizonte, que são apenas a paisagem do que nos rodeia e não um símbolo dos obstáculos que nos esperam.

São tantas as coisas leves que encontramos quando olhamos ao nosso redor - basta sabermos olhar para elas com os olhos vazios de interpretações, metáforas e expectativas. Apenas precisamos de olhos que vêem só o que está lá, e um coração que sabe que só isso mesmo já basta.

M