Saber parar
Sem estar à procura, no fim de semana que passou encontrei a resposta à pergunta que me tinha colocado há uns dias (como encontrar o equilíbrio entre viver o presente e planear o futuro?). Parece que a resposta é mais simples do que eu pensava: o equilíbrio que tanto quero e procuro encontra-se, simplesmente, quando paramos.
Quando nada nos tira a atenção do que se está a passar naquele momento, e não há outras distrações a puxarem-nos para fora do presente. Quando estamos realmente a viver no ali e agora, sem termos ativamente de nos preocupar com isso. Quando estamos a viver o presente, não porque nos forçamos a tal, mas porque é mesmo a única opção que temos.


Claro que na correria do dia-a-dia esta ideia de parar parece quase antinatura. Estamos sempre a ser estimulados para fazer mais e melhor, e quando nada fazemos sentimos o peso da culpa que nos obriga a regressar a um registo de alto desempenho e rendibilidade. Só que este ciclo rapidamente se torna contraproducente e podemos até chegar a atingir um nível de produtividade tóxica, onde as pausas são encaradas com pesar.
Precisamos de perceber que a produtividade constante não é, de todo, a única medida para o sucesso e para uma boa vida, e que quando paramos não estamos a perder tempo: estamos a investir no nosso bem-estar e no nosso equilíbrio.
Depois de sabermos esta resposta devia ser tudo mais fácil, certo? Só que entra aqui outra questão complicada: como é que sabemos quando parar?
E é neste ponto que se torna importante aprendermos a ouvir o nosso corpo, e o que ele nos tenta dizer. O cansaço permanente ao longo do dia, a inabilidade de reparar nas pequenas alegrias que a vida nos dá, a correria diária que não nos deixa tempo para percebermos o que estamos realmente a sentir, ou a sensação que o tempo passa mas nós nem damos por ele passar.
Aprender a ouvir o nosso corpo é um ato de autocuidado e que exige algum conhecimento próprio. Mas não basta perceber o que ele nos está a transmitir: é preciso, depois, agir.
Ou melhor, parar.
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