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Designing My Dream Life

30 de Outubro, 2023

Momentos que curam

Subestima-se o poder dos pequenos momentos, e facilmente se esquece que a felicidade se pode encontrar nas pequenas coisas e que não é preciso grandes e elaborados planos para se ser feliz. 

Muitas vezes, bastam pequenos instantes de alegria para todas as dores passarem e o coração se sentir verdadeiramente feliz. Uma refeição partilhada, uma conversa escondida da chuva, um filme com um final bonito, ou um passeio por ruas desconhecidas.

E é nestes pequenos momentos que podemos procurar o segredo para a felicidade - e é aí que vamos encontrar a verdadeira essência da vida. Tudo fica bem quando a conversa flui sem filtros, o silêncio é confortável e a empatia é o prato principal. Quando vemos que tudo pode mudar mas naqueles momentos tudo está igual - e, de repente, temos 14 anos outra vez e estamos num sítio novo a jogar o jogo velho, a ter conversas diferentes com amigos antigos e conseguimos de novo respirar. Quando podemos partilhar o que dói e o que alegra, e quando ouvimos sem julgar. Quando amigos novos nos dão tanto, e vemos, finalmente, que tudo o que se dá recebe-se a dobrar.

Quando percebemos que a vida não é mais do que a simplicidade do momento presente, e aquele ali agora é mesmo tudo o que precisamos.

Às vezes - muitas vezes - estes momentos curam tudo.

E o coração sorri, de novo.

M

27 de Outubro, 2023

Quando a Arte ganha vida

A arte tem evoluído ao longo do tempo, adaptando-se às preocupações sociais e gostos do momento, acompanhando o desenvolvimento dos materiais e das técnicas. 

Também a atitude das pessoas perante a arte alterou ao longo dos séculos. As pinturas que agora têm um valor imensurável, facilmente passavam despercebidas quando foram criadas. Os pintores que agora são estudados e apontados como génios do seu tempo eram menosprezados e incompreendidos. O que agora vale milhões não valia ao seu autor umas moedas que fosse, e muitos deles viviam na pobreza, rodeados de arte como meio de escape da sua própria cabeça.

Os museus estão agora cheios de pessoas ansiosas para apreciar os quadros lá expostos, e em altura alguma os seus artistas imaginavam a importância e ovação de que agora são alvos. As suas obras de arte são estudadas, admiradas e uma razão de orgulho da cidade que tem as sorte de as guardar.

Temos acesso a peças do século XV, e algumas até mais antigas que isso. É incrível como a obra de arte chegou até nós e como, passados tantos anos, as reconhecemos como grandes símbolos da época.

Adoro visitar museus, perder-me nos corredores e explorar o mundo que outra pessoa criou (e o mundo no qual essa pessoa viveu). Infelizmente, o nosso país não é um centro de grandes coleções como Paris ou Viena, mas alguém surgiu com uma solução: são as experiências imersivas, organizadas pela Fever Up. Trazem a arte inacessível dos museus caros, longínquos e com corredores longos, para um mundo próximo de todos.

Já tive o prazer de visitar 3 destas exposições temporárias, que ocorrem na Alfândega do Porto. Estas experiências fazem uma coisa espetacular: permitem que a arte ganhe Vida.  Durante meia hora, somos convidados a viver, submersos, no mundo imaginado por pintores de renome.

É incrível ver as pinturas famosas que vemos nos livros ou que já tivemos a sorte de ver "ao vivo" ganhar toda uma nova dimensão. Os Girassóis de Van Gogh giram virados para o sol, os esquiços do corpo humano de da Vinci ganham vida, e os campos incríveis pintados por Monet acompanham o movimento do vento. Vemos os deuses do famoso teto pintado por Michelangelo a interagirem uns com os outros, a Noite Estrelada a surgir no horizonte e as campo e o famoso Beijo de Klimt a desenrolar-se à nossa frente.

A par desta projeção, uma banda-sonora cuidadosamente escolhida acompanha-nos nesta viagem para um sítio que existiu no plano das duas dimensões e passa a existir num mundo novo. Somos convidados a olhar para o que já vimos com olhos diferentes

 

Atualmente, as exposição que estão a decorrer são Impressive Monet & Brilliant Klimt, e Living Van Gogh. Não consigo escolher qual das duas mais gostei, portanto experimentem e tomem a vossa decisão :)

Apesar de sentir que não há palavras que façam jus a esta experiência, deixo-vos umas:  deixem-se mergulhar nesta nova arte que ganhou vida. Vale mesmo muito a pena.

M

25 de Outubro, 2023

A maior liberdade

Podemos dividir as coisas em dois grandes grupos: as que não controlamos, e as que controlamos.

A maior parte das coisas cai no primeiro grupo - e vamos acabar por nos aperceber que como não controlamos o que se passa, muitas vezes as coisas não vão ser como gostaríamos que fossem.

Mas há uma coisa muito poderosa que já pertence ao segundo grupo: a maneira como reagimos às coisas que acontecem de maneira diferente daquela que desejávamos que tivessem acontecido.

Esta capacidade de escolhermos como lidar com aquilo que não é do nosso agrado é uma das características mais marcantes do ser humano. Não podemos escolher o que nos deixa triste, por exemplo. Mas podemos escolher o que fazer depois de estarmos tristes: ficar a chorar no sofá, ir apanhar sol ou brincar com o cão. E todas são opções válidas - porque são opções nossas, somos nós a controlar a maneira como reagimos.

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Charlie Mackesy

A forma como reagimos às coisas é uma escolha consciente que podemos fazer diariamente e que determina a qualidade da nossa vida.

Podemos contrariar a impotência que sentimos quando certas coisas acontecem fora do nosso controlo ao controlar a maneira como lidamos com elas. 

Podemos controlar como reagir. E no controlo podemo-nos sentir livres.

M

23 de Outubro, 2023

O verbo mais difícil

Pode ser difícil pedir desculpa - mas também pode ser difícil perdoar. 

Mais difícil ainda fica quando esse perdão não nos foi pedido, mas sabemos que o temos de dar. Porque sabemos que só quando deixamos para trás o que passou é que conseguimos seguir em frente.

É que perdoar não precisa de ser só sobre o outro - é, também, sobre nós. É sobre nos libertarmos das correntes de ressentimento que nos prendem ao passado e nos fazem caminhar num presente pesado e doloroso. 

Perdoar pode não ser fácil: exige muita força para deixarmos de lado todas as mágoas e dores de ontem para podermos abraçar um hoje mais calmo e pleno.

Perdoar pode não ser fácil, mas é necessário. Porque qual é a outra alternativa? Viver uma vida de ressentimentos em que o passado é que toma conta do nosso presente? Sermos prisioneiros das lembranças das dores sofridas, sem abertura para um presente feliz?

Outro dia ouvi alguém a dizer que a linha entre a felicidade e a infelicidade é, muitas vezes, o perdão. E isso deixou-me a pensar e fez-me escrever esta crónica.

Por vezes, é difícil cruzar essa linha - é difícil perdoar. Mas o outro lado está à nossa espera e é muito mais leve e mais livre do que uma vida sem perdão.

M

20 de Outubro, 2023

A utopia dos erros

Num mundo utópico, não cometemos erros.

(Depois chegam os entendidos da psicologia e dizem que os erros nos fazem crescer e evoluir e que são mesmo essenciais para o auto-desenvolvimento. Mas a verdade é que um mundo sem quedas seria um mundo muito menos doloroso.)

Num mundo um bocadinho menos utópico que o primeiro, dizemos que aprendemos com os nossos erros. E acreditamos mesmo nisso.

Acreditamos que se desta vez correu mal, para a próxima já vai ser melhor, porque já sabemos como agir - e dessa vez já vamos fazer as coisas da maneira certa.

Só que apesar de toda a idealização sobre um futuro onde os erros passados não são repetidos, a verdade é que muitas vezes vamos dar por nós na mesma situação, a fazer exatamente a mesma coisa e a cometer precisamente o mesmo erro. Continuamos a repetir os mesmos erros não porque somos masoquistas, mas porque somos humanos - e porque há determinas coisas que nos estão já demasiado enraizadas.

Reconhecer que errámos já é, em muitos casos, difícil - mas parece-me ser ainda mais complicado esse reconhecimento transformar-se numa mudança real de comportamento.

Com a cabeça fria podemos até ter a consciência necessária que nos diz que o caminho não é por aí - mas quando as emoções entram em jogo, o labirinto densifica-se. O nosso julgamento fica cinzento, já não conseguimos ver as coisas preto no branco.

Concordo com os entendidos da psicologia: os erros fazem-nos crescer. Mas também conseguem doer muito. Então, o melhor equilíbrio que acho que conseguimos encontrar é continuar a acreditar que a utopia é possível - e aprendermos mesmo com os nossos erros.

M

18 de Outubro, 2023

Como estás?

Tenho um amigo que tem a mania (bonita) de perguntar como estás? em vez do típico então, está tudo bem?. Pode parecer uma mudança frásica muito pequena, mas já me apercebi que o impacto que tem na abertura e na sinceridade com que a outra pessoa responde é enorme. É uma mera pergunta pequenina, mas traz nela um grande convite para uma conexão autêntica.

É muito fácil criarmos relações supérfluas na vida que corre: está cada um focado no seu mundo, nos seus problemas e nas suas rotinas. Não nos damos ao tempo  de realmente conversarmos uns com os outros nem de verdadeiramente ouvirmos o que o outro tem para dizer. Rapidamente caímos na armadilha de interações meramente sociais, desprovidas de qualquer real significado.

Não estou a dizer que estabelecer relações genuínas é tarefa fácil: dá trabalho, requer compromisso e uma paciência que, muitas vezes, não estamos dispostos a ter. É preciso ter empatia pelo que o outro sente e nós não compreendemos. Perceber que nem sempre vamos receber na mesma medida em que damos - e não é por isso que há menos amor envolvido.

Quando chega ao final do dia e já nos fartamos de conversas de circunstância, começa a fazer falta uma conexão verdadeira e genuína, onde podemos responder com sinceridade quando nos perguntam se está tudo bem.

Ao procurar por esta autenticidade, vamos perceber que também é preciso alguma coragem: coragem para sermos nós próprios, sem necessidade de filtros que escondam as dores que todos temos. 

 

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Como estás?

Não há mal em admitir que está tudo mal - e mesmo que o outro nada possa fazer para resolver o problema, só o ouvir já pode fazer muita diferença.

M

 

16 de Outubro, 2023

O (des)conforto das rotinas

Umas vezes sem notar, outras de forma planeada propositada, vamos criando hábitos e rotinas, e apegamo-nos a eles porque trazem estrutura e autonomia à nossa vida. O que poupamos em energia de pensar o que vem a seguir, ganhamos em eficiência. Porque a resposta é fácil: é só seguir a rotina. E esta sensação de que sabemos com o que contar é agradável e dá-nos a ideia de que estamos, sem ter muito trabalho, em controlo das nossas vidas.

O problema, parece-me, surge quando as rotinas começam a fazer-nos viver em piloto automático. Quando os dias começam a ser todos iguais aos outros. Já não temos olhos que reparam no que realmente se passa,  e passa-nos ao lado o tempo que passou. Entretanto chega o final da semana e nem demos por ele chegar, e logo a seguir começa tudo de novo.

E aí começamos a pensar: até que ponto os hábitos nos prendem? E em que medida é que nos dão liberdade?

Dizia muitas vezes que gostava de ter uma rotina para poder fugir dela - decidir, de vez em quando, que me apetece fazer uma coisa diferente e mudar os planos de ordem e de lugar. E era quando marcava algo fora de horas que me sentia em verdadeiro controlo da minha vida: não só criei a rotina, como depois pude escolher sair dela.

Recentemente, com o começo do novo ano da faculdade, comecei a aperceber-me que os meus dias iam, inevitavelmente, começar a ser todos muito semelhantes de semana para semana. Então, combinei comigo mesma que só ia deixar o meu cérebro criar rotinas para alguns dias - os outros teriam como rotina o facto de não haver uma rotina definida. Nesses dias, posso dar-me ao luxo de escolher o que fazer. Desta forma, consigo permitir-me conectar com o que verdadeiramente sinto e quero, sem estar presa num automatismo que fazia passar todos os dias de forma igual uns aos outros. 

Quis contrariar a criação de rotina para me sentir livre. Mas ao pensar realmente no assunto, apercebo-me que toda esta liberdade de poder viver, às vezes, fora da rotina só é possível por todos os dias em que há uma rotina que me faz cumprir as tarefas de modo a sobrar tempo para o resto.

Ainda bem pelas rotinas então. Porque tenho visto que sabe muito bem poder apreciar o resto.

M

13 de Outubro, 2023

O Sal da Vida

"A vida seria aborrecida se fosse toda de rosas. sal tomado só é amargo; mas dá sabor agradável à comida. As dificuldades são o sal da vida." - Badden-Powell

 

Já partilhei no blog a minha longa viagem até Liubliana, com mais contratempos do que os que alguma vez podia imaginar. Apesar de terem sido dois dias longos, posso resumi-los em poucos números: um voo cancelado, um voo desviado, um autocarro, dois comboios, e quatro países em dois dias.

No último comboio já estava, confesso, irritada e cansada com a complicação toda que estava a ser chegar ao meu destino final. A certa altura, todos os passageiros estão a olhar pela janela para apreciar o sol a pôr-se em cima do mar Adriático. Nesse momento, recordei esta frase que me tinha vindo à cabeça quando estava no aeroporto de Veneza (o 4º aeroporto onde punha os pés naqueles dois dias...) e sorri para mim mesma: as últimas vinte e quatro horas tinham sido salgadas, mas aquela experiência tinha conseguido ser bem saborosa.

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fotografia do meu diário de Erasmus, onde todas as aventuras ficaram registadas

 

É verdade: não é fácil adotarmos esta perspetiva. Olhar para as dificuldades como aquela pitada de sal que a comida tanto precisa. Encarar os momentos menos maus como impulsos para um melhor momento, e não como um atraso no caminho até esse sítio melhor. 

Admito que raramente encaro os problemas desta maneira - e é precisamente por este motivo que achei importante estar a escrever sobre esta frase. É normal o desânimo e até algum desespero que sentimos quando encontramos um problema no percurso que esperávamos fazer sem percalços. Quem é que vê uma dificuldade ao longe e vai a correr ter com ela, abraça-a, dá as boas vindas e até quer dizer-lhe obrigada?

É certo que, às vezes, esses contratempos nos vão levar a lugares melhores - só que outras vezes - e, diria até, a maior parte das vezes - os problemas vão nos por em lugares onde preferíamos não estar. E depois é chato sair de lá, se insistirmos em não procurar pela saída.

Como é que se encontra o equilíbrio então? 

Não sinto que seja preciso adotar uma postura quase de gratidão plena por cada momento mau que vem ter connosco: não precisamos de fazer uma ovação ao sal que encontramos na comida. 

Mas também não sinto que seja preciso deitá-la ao lixo só por estar demasiado salgada.

M

11 de Outubro, 2023

Organizar as gavetas

Por vezes, a confusão do dia-a-dia não nos dá tempo para arrumar tudo no devido sítio. Quando nos apercebemos da desarrumação toda, para remediar colocamos tudo dentro de uma gaveta onde não conseguimos ver o que se passa, e acreditamos no ditado: longe da vista, longe do coração.

O problema é que vai chegar o dia em que precisamos de alguma coisa que está nessa gaveta, e vamos ser obrigados a abri-la, remexer em tudo o que estava lá guardado e procurar aquilo que nos faz falta. Eventualmente, até vamos encontrar algumas coisas que não nos lembrávamos de ter posto lá e outras que, até aquele momento, nem nos lembrávamos que existiam.

Abrimos a gaveta só para pegar numa única coisa - que, se calhar pensando bem, até nem era assim tão importante. De repente, perdemo-nos no meio de tanta coisa e distraímo-nos do motivo pelo qual tínhamos aberto a gaveta em primeiro lugar. Algumas coisas que vemos lá passávamos melhor sem as ver - não faziam falta, não havia necessidade de as tirar de lá. Outras coisas, apercebemo-nos, estão em pior estado do que achávamos - e raras são aquelas que parecem melhor do que pensávamos.

Mas qual é a melhor solução para evitar esta confusão?

Devemos arrumar a gaveta e etiquetar tudo para saber exatamente onde procurar? Ou será melhor deitar ao lixo a gaveta, não nos permitindo, sequer, ter um espaço para esconder a desarrumação que está o nosso quarto?

PS: Isto não é sobre gavetas.

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Fonte: Pinterest

"Quanto mais sentires os teus sentimentos,

mais fácil fica percebê-los"

Os sentimentos podem - como a tralha - ser organizados. Temos que nos permitir ter tempo para isso.

M

 

06 de Outubro, 2023

O tempo que passou

Para a Joana, a última semana passou a correr - e para o João foram os 7 dias mais longos que ele se lembra de viver.

Quando aprendemos a ler as horas nos ponteiros do relógio, ninguém nos explica que o tempo não é tão linear como o fazem parecer. É verdade que um dia são 24 horas em qualquer parte do mundo, mas como é que se mede o tempo que passou para quem passou por ele?

A perceção que temos do tempo é uma coisa engraçada. É que o tempo não é só uma medida de tempo - também acaba por ser um cofre de memórias. 

Tantas vezes dizem isso com o tempo passa, mas nunca ninguém sabe especificar quanto tempo em concreto temos que esperar. E depois diz-se também que o tempo traz perspetiva sobre o que passou, mas esquecem-se que às vezes o tempo passa e afinal traz outras coisas com ele.

Umas vezes passamos pelo tempo sem dar pelo tempo passar, e outras passa o tempo por nós e nem damos por nós a pensar. 

Se calhar, podemos começar a usar uma outra medida de tempo. Podemos medir as horas em sorrisos oferecidos, os dias em aprendizagens recebidas e as semanas em momentos bem passados.  Não resolve a confusão que pode ser esta estranha perceção que temos do tempo, é certo - mas acho que nos ajuda a mudar a perspetiva.

Porque de que importa perceber quanto tempo passou se não percebermos como devemos passar por ele?

M

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