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Designing My Dream Life

28 de Abril, 2023

O silêncio é mais fácil

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O não é garantido.

Gostava de ser mais o tipo de pessoa que rege a vida segundo este lema. Que não se importa de arriscar, pedir, perguntar e tentar, porque o pior que pode acontecer é tudo ficar igual, é ouvir um não

No abstrato quero e digo que sou assim. Reclamo a liberdade de autodeterminação e sinto mesmo que quem não arrisca não petisca. Acho que devo a mim própria, no mínimo, tentar. 

Mas depois quando chega a altura de pôr isto tudo em prática, o medo da rejeição sobrepõe-se sempre a toda a coragem que possa conseguir reunir. É dificil mudar o discurso de e se correr mal? para começar a perguntar e se correr bem?

E se correr muito bem?

Isto podia ser um hino à liberdade: a liberdade de expressão, a liberdade da coragem, a liberdade da tentativa e do erro. Mas não consigo pregar aquilo que não cumpro.

O não é garantido, é certo. Mas o silêncio consegue ser mais fácil.

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21 de Abril, 2023

De onde vem o vento? - Colagens #14

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Título: De onde vem o vento?

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Data: 20-08-2022

Estava deitada na cama de rede da aldeia a tentar dormir um bocado e de repente veio uma rajada de vento que me fez pensar: "de onde é que vem o vento?". Em vez de ir procurar, decidi fazer uma colagem sobre o assunto.

Dizem que o tempo cura todas as feridas. É giro pensar que o vento também podia levar todas as nossas dores, e trazer coisas novas e boas. 

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Fui pesquisar e aparentemente o vento é causado por variações da pressão atmosférica, e surge das zonas de mais alta pressão para as zonas de mais baixa pressão.

Prefiro continuar a acreditar que o vento chega para fazermos as pazes com as nossas emoções.

M

19 de Abril, 2023

A Natureza sabe o que faz

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Numa das minhas muitas visitas ao Pinterest encontrei esta frase: Go outside to look inside (vai lá para fora para olhares para dentro). Uma amiga minha adorou e numa das minhas tardes de pintura decidi fazer este quadro para lhe oferecer.

Se nos quisermos re-centrar em nós próprios, há uma maneira muito simples de o fazer: sair à rua, sentir a relva nos pés, apanhar com sol na cara e respirar o ar puro. Na correria das cidades o tempo de pausa e calma é escasso. Os barulhos e as imensas atividades em simultâneo não nos deixam tempo para pensar e refletir, ou simplesmente só estar.

Uma coisa que me fez apaixonar pela Eslovénia foi a quantidade enorme de espaço verde que lá existia. Mesmo na capital, em praticamente todos os quarteirões conseguíamos encontrar um pequeno parque, que convidava por quem lá passava a parar e a contectar-se consigo próprio. Nos dias de sol esses espaços enchiam-se de pessoas a passear os cães, crianças a brincar nos escorregas e baloiços, e os bancos todos ocupados com amigos a conversar.

Esta dictomia natureza-cidade é tida em considerção no planeamento urbanístico de diversas cidades, e acho que é, sem dúvida, uma mais valia. Quando visitei Nova York fiquei maravilhada com a barreira criada entre as ruas cheias de carros e agitação e barulho e o Central Park, um jardim enorme cheio de árvores. 

Entrar no Central Park é como entrar noutra dimensão, longe dos motores e ruídos da cidade.

Não é, claramente, à toa a existência destes espaços. Os Jardins de Luxemburgo em Paris, o Hyde Park em Londres, o Parque da Cidade no Porto ou o Tivoli em Liubliana (e tantos outros) conseguem todos atingir o mesmo objetivo: carregar no botão de pausa da agitação urbana e permitir que por quem lá passa se permita ter tempo para respirar, estar, e recentrar-se em si mesmo.

A natureza sabe o que faz - e é mesmo bom saber isso.

M

17 de Abril, 2023

Lugares que nos conhecem

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Sem dúvída que viajar e conhecer sítios novos é das melhores coisas que podemos fazer na vida. Seja mais longe, dentro da nossa cidade, com mais luxo ou com menos condições, estas experiências novas enriquecem-nos e enchem-nos as medidas.

Ainda assim, acho que sabe igualmente bem voltar a sítios que, de certa forma, parece que já nos conhecem. Sítios onde sentimos que a alma está no sítio certo.

Aqueles lugares onde não precisamos de fazer nenhum esforço para nos darmos a conhecer. Onde já sabemos os caminhos para os melhores sítios e as melhores vistas.

Não concordo com o ditado popular que diz não voltes a sítios onde foste feliz. Podemos modificar a frase para "não te prendas a sítios onde foste feliz". Assim sim.

Voltar onde a felicidade existiu, isso sempre.

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É tão bom ir conhecer lugares que já nos conhecem.

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14 de Abril, 2023

Cartografia de Emoções - Colagens #13

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Título: Cartografia de Emoções

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Data: 03-08-2022

A cartografia é a arte de traçar mapas, com o objetivo de reconhecer o terreno e permitir a futura orientação nesse espaço.

Esta colagem é, tal como o seu título indica, uma cartografia de emoções - mais concretamente, das minhas emoções. 

Não ceder ao conformismo e nadar contra a corrente. Pôr-me a caminho. Descobrir novos lugares, pessoas e sentimentos. Aceitar a mudança.

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M

12 de Abril, 2023

Bem-me-quer, Mal-me-quer

M

Quem nunca arrancou uma flor do chão e começou a arrancar as pétalas a dizer bem-me-quer, mal-me-quer, bem-me-quer, mal-me-quer,... que atire a primeira pedra.

As pessoas alegam que gostam da possibilidade de controlo e que têm a plenitude do livre arbítrio,  mas depois agarram-se a diversos mitos e superstições. Vindicam o poder de decisão até à mais pequena escolha e recusam-se a aceitar que o destino cabe aos Deuses do Olimpo, mas continuam a pedir um desejo quando vêem uma estrela cadente, acreditam que a sorte no jogo traz azar no amor e não passam por baixo de nenhuma escada.

Não critico esta atitude nem acuso ninguém de incoerência. Num mundo com tantas consequências e regras de imputabilidade, sabe bem, por vezes, deixar que o acaso decida por nós. Sabe bem acreditar que aquela estrela cadente é o que finalmente nos vai fazer concretizar o nosso maior sonho. Porque claro, é a estrela que cai lá dos céus que vai lutar pelos nossos objetivos, não somos nós que temos de levantar o corpo do sofá.

Se calhar, é mais confortável acreditar que o azar todo que temos tido não é nada menos do que a recolha de tudo o que plantamos, mas sim a consequência fatal do espelho que partimos quando tínhamos 7 anos. E foi mesmo aquele brinde que fizemos com o copo vazio que determinou a semana de imprevistos e contratempos, e não a nossa falta de jeito de lidar com as adversidades da vida.

O melhor de tudo é que atiramos estes mitos para o ar sem nos darmos ao luxo de tentar desvendar a sua origem. Os gatos pretos alegadamente dão azar porque eram associados à bruxaria, e a humanidade teme o que não percebe (e até o que não quer perceber). Os espelhos partidos são mau presságio porque eram associados a produtos caros e raros, pelo que a sua perda implicava um grande abalo financeiro.

Agora, temos a internet que revela todos os truques de magia e lojas IKEA espalhadas pelo mundo que vendem espelhos de todo o tamanho e feitio a preços amigáveis para famílias.

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Saramago sabia do que falava quando escreveu:

A vida podia ser apenas estar sentado na erva, segurar um malmequer e não lhe arrancar as pétalas, por serem já sabidas as respostas, ou por serem estas de tão pouca importância que descobri-las não valeria a vida de uma flor.

 

Se calhar, está na altura de aceitar que vamos mesmo ter de colher o que semeamos, poupar a vida de uma flor e ir ter com aquela pessoa e simplesmente perguntar Bem-me queres?

M

 

10 de Abril, 2023

Todo o tempo do mundo

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Na maior parte dos dias, sou uma rapariga apressada e impaciente, admito. Se calhar, por isso valorizo também a calma e a tranquilidade para contrabalançar a agitação que os meus dias costumam ser.

Estou a escrever isto de férias, no meio do monte, e tenho todo o tempo do mundo. Não me imponho horas para acordar - durmo com a persiana do quarto aberta e deixo que o sol da manhã me desperte. Como quando tenho fome e não porque os ponteiros do relógio estão numa determinada posição. As tardes passam vagarosamente, sem a preocupação de preencher alguma lista de tarefas.

Ocupo o meu dia cheio de nada. Quão apelativo isto soa?

Tenho tempo para escrever no blog, fazer longas sessões de skin care, cozinhar sem pressa, ouvir os passarinhos a cantar enquanto que pinto um quadro e a vida vai correndo - ou melhor, rastejando, devagarinho e sem qualquer agitação.

 

E quando a mente está tranquila, podemo-nos dar ao luxo de só estar. É como gosto de dizer: quem está nas montanhas está só nas montanhas.

Não há tempo, nem lugar, para qualquer tipo de introspeção, reflexão sobre erros do passado ou planeamentos do futuro - quem está nas montanhas está mesmo só nas montanhas.

Confesso que nem sempre me é fácil adotar esta perspetiva e conseguir quase que pôr o cérebro em pausa. Estou de férias da faculdade mas continuo com algumas tarefas e responsabilidades pendentes. Ainda assim, escolho dedicar só uma pequena parte do meu dia a isso para depois voltar a ocupar-me com a arte de nada fazer. Aprecio muito todo este tempo do mundo que me dou ao luxo de conseguir ter.

Acho que ainda não consigo escolher se vivia sempre nesta calma ou se preciso da agitação urbana. Mas não há mal - afinal, ninguém me pediu para escolher. 

Dá para ter tudo.

M

 

 

07 de Abril, 2023

Turismo sem Horas

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Em fevereiro visitei Madrid e contei a minha experiência aqui no blog. Falei sobre como nas viagens curtas, a precisão da organização tem de ser muita e o tempo quase que deve ser contado ao segundo para termos a certeza que não perdemos nenhum ponto dado como imperdível.

Na última semana fui passar uns dias a Peniche com umas amigas e fizemos tudo ao contrário dessa viagem à capital Espanhola. Ao contrário de Madrid, esta escapadinha pautou-se por uma tranquila ausência de horários e pela inexistência de qualquer tipo de pressa ou listas.

Tenho de confessar que este tipo de férias não me é muito natural, mas em viagens de grupo há sempre cedências a fazer e também não havia assim tanta coisa para fazer que exigisse alguma rigidez de horários. Quase sempre sem despertador, acordávamos cada uma às horas que o corpo nos pedia, e lá nos íamos levantando e comendo qualquer coisa. 

A nossa casa estava situada no meio de um conjunto de ruas pequenas com casas parecidas e bonitas, e a dois minutos a pé tínhamos uma padaria. Quando era a primeira a acordar, ia comprar pão e depois entretinha-me a fazer qualquer coisa até todas estarmos prontas.

Soube muito bem não ter horas para comer, para estar em determinado sítio ou fazer determinada atividade. Passeávamos ao ritmo que mais era confortável e quando tínhamos fome parávamos para comer. Rimo-nos muito, conversámos mais ainda e ficamos a conhecer um pouco deste país à beira mar que tanto tem para oferecer.

 

Continuo a não me importar de viver um turismo com horas e lugares marcados, mas também gostei desta outra forma de conhecer novos sítios.

Um dia que não tenham pressa e tenham tempo, aconselho muito!

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05 de Abril, 2023

A Nostalgia do Rolo

M

Isto da reminiscência do passado tem muito que se lhe diga. Já escrevi aqui no blog sobre a moda dos mercados, e hoje foi a vez de falar sobre a nostalgia do rolo - que sou, confesso desde já, também culpada.

Quando apareceram as câmaras digitais, sem limite de rolo e "revelação" instantânea, rapidamente as câmaras analógicas foram postas de lado. Contudo, sinto que nos últimos tempos esta modo do rolo regressou. Facilmente se percebe este saudosismo: vivemos numa vida em que tudo acontece tão rápido, em que as comunicações são feitas ao segundo e em que existem telemóveis que conseguem tirar fotografias com uma qualidade superior à que os nossos olhos capturam. 

A minha primeira interação com as máquinas analógicas foi em outubro de 2019, quando me lembrei que podia ser uma boa ideia oferecer a uma amiga, no seu 18º aniversário, uma dessas câmaras para usarmos durante a festa. A boa intenção esteve lá, mas o resultado final não foi, de todo, o esperado. Quando fui levantar o rolo, dei com ele todo vazio... A falta de jeito a utilizar a câmara notou-se e bem: não tínhamos conseguido tirar nenhuma fotografia. (Claro que as fotos que tiramos com o telemóvel sobreviveram todas!)

Apesar deste contratempo não desisti de tentar mergulhar neste mundo passado. Descobri outra loja, comprei uma nova máquina e explicara-me direitinho como a utilizar e em que situações devo ligar o flash. Quando um rolo acaba, vou lá pedir para revelar, recebo as fotografias por email e inserem um novo rolo na mesma máquina, evitando o desperdício.

A qualidade não se aproxima, de todo, com a que os nossos telemóveis conseguem capturar. Ainda assim, há algo que me atrai nesta experiência toda. Há uma espécie de magia neste processo: como só há uma tentativa, a genuinidade apanhada pela lente é maior, e como ainda costumo demorar algum tempo a preencher o rolo inteiro, quando o vou revelar parece que entrei numa máquina do tempo e viajo para o passado a ver momentos que nem me lembro de ter capturado.

A par deste regresso ao passado, surgiram aplicações que conseguem editar fotografias de modo a simular que foram tiradas com estas máquinas antigas. Assim podemos usufruir do "melhor de dois mundos": o rolo e tentativas infinitas possibilitadas pelo smartphone, e o filtro e aspeto antigo e granulado da fotografia, proveniente do filtro.

Ainda não consegui aprimorar ao máximo esta arte - algumas fotos ficam escuras, ou desfocadas. Mas não me importo, continuo a gostar do sentimento de espera e entusiasmo que sinto sempre que deixo o rolo a revelar.

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03 de Abril, 2023

Do outro lado do medo - Colagens #12

M

Título: Do outro lado do medo

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Data: 10-04-2022

"tudo o que é bom começa com um bocadinho de medo" - vi a frase pouco tempo depois de ter entrado em Liubliana de Erasmus. Esta colagem é sobre tudo o que espero encontrar do outro lado do medo.

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Admito que antes de ter chegado à Eslovénia o meu medo era imenso. Medo de ir sozinha, de não me adaptar, de não conhecer pessoas. E a lista podia continuar. Todos esses medos se evaporaram. Apaixonei-me logo pela cidade, como já contei aqui no blog, e tive a melhor experiência da minha vida.

O medo desapareceu, e o resto foi história.

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