Isto da reminiscência do passado tem muito que se lhe diga. Já escrevi aqui no blog sobre a moda dos mercados, e hoje foi a vez de falar sobre a nostalgia do rolo - que sou, confesso desde já, também culpada.
Quando apareceram as câmaras digitais, sem limite de rolo e "revelação" instantânea, rapidamente as câmaras analógicas foram postas de lado. Contudo, sinto que nos últimos tempos esta modo do rolo regressou. Facilmente se percebe este saudosismo: vivemos numa vida em que tudo acontece tão rápido, em que as comunicações são feitas ao segundo e em que existem telemóveis que conseguem tirar fotografias com uma qualidade superior à que os nossos olhos capturam.
A minha primeira interação com as máquinas analógicas foi em outubro de 2019, quando me lembrei que podia ser uma boa ideia oferecer a uma amiga, no seu 18º aniversário, uma dessas câmaras para usarmos durante a festa. A boa intenção esteve lá, mas o resultado final não foi, de todo, o esperado. Quando fui levantar o rolo, dei com ele todo vazio... A falta de jeito a utilizar a câmara notou-se e bem: não tínhamos conseguido tirar nenhuma fotografia. (Claro que as fotos que tiramos com o telemóvel sobreviveram todas!)
Apesar deste contratempo não desisti de tentar mergulhar neste mundo passado. Descobri outra loja, comprei uma nova máquina e explicara-me direitinho como a utilizar e em que situações devo ligar o flash. Quando um rolo acaba, vou lá pedir para revelar, recebo as fotografias por email e inserem um novo rolo na mesma máquina, evitando o desperdício.
A qualidade não se aproxima, de todo, com a que os nossos telemóveis conseguem capturar. Ainda assim, há algo que me atrai nesta experiência toda. Há uma espécie de magia neste processo: como só há uma tentativa, a genuinidade apanhada pela lente é maior, e como ainda costumo demorar algum tempo a preencher o rolo inteiro, quando o vou revelar parece que entrei numa máquina do tempo e viajo para o passado a ver momentos que nem me lembro de ter capturado.
A par deste regresso ao passado, surgiram aplicações que conseguem editar fotografias de modo a simular que foram tiradas com estas máquinas antigas. Assim podemos usufruir do "melhor de dois mundos": o rolo e tentativas infinitas possibilitadas pelo smartphone, e o filtro e aspeto antigo e granulado da fotografia, proveniente do filtro.
Ainda não consegui aprimorar ao máximo esta arte - algumas fotos ficam escuras, ou desfocadas. Mas não me importo, continuo a gostar do sentimento de espera e entusiasmo que sinto sempre que deixo o rolo a revelar.
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