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Designing My Dream Life

24 de Março, 2023

Primeiro Mundo

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As diferenças económicas e sociais entre países levaram à criação da expressão "países de terceiro mundo". Fazem parte desse conjunto os países que têm um baixo nível de desenvolvimento humano, uma taxa elevada de mortalidade e analfabetismo, instabilidade política e desigualdades socio-económicas. Podemos afirmar que estes países têm, efetivamente, muitos e grandes problemas. 

Por oposição a estes países, temos os países de primeiro mundo: aqueles mais desenvolvidos a nível social, económico e político. 

A par desta expressão, nasce outra ainda: problemas de primeiro mundo - para referir as questões que atormentam a vida dos habitantes dos países de primeiro mundo e que são, vamos ser sinceros, muito menos preocupantes e graves do que as dores sofridas pelos países de terceiro mundo. 

Estes problemas estão, maioritariamente, relacionados com questões de bem-estar (tanto físico e psicológico), conforto e estilo de vida. Acho que não erro quando digo que todos já tivemos pequenos problemas de primeiro mundo. Do meu lado, posso admitir que já tive a minha quota-parte.

Quero muito uma roupa assim e assado mas não encontro o modelo perfeito em lado nenhum. Que azar, tenho de acordar cedo para ir até à faculdade. Não sei se vou jantar a este restaurante ou aquele, que decisão difícil! (e a lista podia continuar).

Quão priviligiados somos por ter acesso à educação? E a possibilidade de ter comida na mesa, e ser uma escolha o que comer e não se comer?

Ainda assim, sou a maior apologista de que nenhum problema deve ser diminuído só pela mera existência de outro mais grave. Todas as dores são válidas, não devia existir isso de uma dor maior que outra. Se dói, dói! Primeiro mundo ou não, são problemas que afetam o quotidiano e o bem-estar das pessoas que os têm (com mais ou menos lógica racional - o que quer que isso seja).

Dito isto, reconheço também a importância de pôr em perspetiva o dito problema, adotando uma visão mais ampla e geral da situação e questionando-nos se um pequeno aborrecimento valerá a pena tanta chatice.

Uma boa maneira para lidar com estes problemas de primeiro mundo é vê-los como uma oportunidade de crescimento, aprendizagem e, no limite, até inspiração. Resolver a questão com uma solução criativa. E com isto não pretendo dizer que se deve retirar uma enorme lição de vida de um pequeno problema.

Por exemplo, a ideia de escrever este texto veio precisamente de um meu problema de primeiro mundo: quero comprar umas toalhas de algodão, e que chatice não encontro umas em lado nenhum (!). Pensar nisto fez-me refletir sobre toda esta questão de problemas que nos assombram a cabeça mas que são, no fundo, uma demonstração imensa da sorte que temos por ser esta a maior das nossas preocupações. 

Claro que podemos ter estes problemas de primeiro mundo, e não somos piores pessoas por isso. Mas podemos, também, fazer um esforço para sair da bolha em que vivemos e nos apercebermos do imenso privilégio que temos.

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22 de Março, 2023

Happiness - Colagens #10

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Título: Happiness (Felicidade)

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Data: 26-01-2022 

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Há uns dias o meu post Escolher Ser Feliz teve direito a um destaque não só na página do Sapo Blogs, mas também na página web do Sapo.pt. Fiquei, é claro, toda contente e orgulhosa. Escrevo estes textos porque é um hobby que me dá prazer - como as colagens, mas admito que fico sempre feliz por ver que mais pessoas para além dos meus pais e avós (fãs número 1) também se interessam por ler o que eu possa ter para contar.

A colagem de hoje vai muito de encontro com o que escrevi nesse texto - podemos (e, acrescento ainda, devemos) perceber que coisas nos fazem felizes e propositadamente nos rodearmos delas.

Podemos escolher estar ocupados a ser feliz. Seguir com a vida estando feliz. E, entretanto, descobrir que, afinal, conseguimos escolher ser feliz.

Esta peça apresenta a minha lista (não completa) do que me trás felicidade. Tenho tentado conscientemente ir atrás destas coisas, não deixar passar por mim um momento de potencial felicidade.

Esta semana decidi apontar as coisas boas que fossem acontecendo nas notas do telemóvel, numa tentativa assumida de me focar mais nelas e estar mais predisposta a encontrá-las.

Isto de procurar pelas coisas boas faz-me recordar o texto que aqui escrevi sobre o Poder da Manifestação:

O que sustenta, na minha opinião, o poder da manifestação é precisamente apercebermo-nos desta capacidade que a nossa mente tem. Acabamos por conseguir, de certo modo, programa-la para estar disposta a encontrar o que mais queremos. 

 

Na última segunda-feira celebrou-se o dia da felicidade! Que a publicação de hoje seja um lembrete para procurarmos pelas pequenas coisas que alegram o nosso dia :)

M

 

20 de Março, 2023

Brincar ao Faz de Conta - Parte 1

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Depois de cadeiras de direito substantivo e processual, chegou a hora no plano de estudos do curso de ter as chamadas cadeiras de praticum - a ideia é, como o nome assim o indica, perceber como é que na prática os atos processuais se desenrolam e como é que o direito se aplica.

O direito substantivo é aquele vertido nos Códigos que rege diferentes situações e relações (direito das sucessões, da família, das obrigações, administrativo, penal, ...). Para poder ser aplicado nos Tribunais, e para esta aplicação poder ser efetiva, é necessário o direito processual: aquele que rege como o processo se há de desenrolar junto do poder judicial (direito processual penal, processual civil, ...)

Depois de aprendermos a teoria, e como se pode aplicar essa teoria, chegou a altura de pôr em prática os conhecimentos até agora aprendidos. A professora desta cadeira é advogada, e tem sido muito interessante ouvir falar sobre exemplos reais e sobre a aplicação efetiva do direito.

Ao longo do semestre estamos a desenvolver a construção e simulação de um caso. A turma foi dividida em 4 grupos: 2 representam a autora (uma escola de equitação) e outros 2 a ré (uma empresa informática).

O conflito em causa é simples: a autora fez um contrato de prestação de serviços com a ré para que esta lhe fizesse um website que permitisse a marcação de aulas de equitação, mas esse site foi entregue com erros, permitindo a sobreposição de aulas e consequentemente elevados danos para a autora, que pretende ser ressarcida.

Os grupos que representam o autor tiveram a tarefa de escrever uma petição inicial - que consiste na peça processual que inicia o processo junto dos tribunais, e através da qual o autor diz qual é o seu pedido (o que pretende e com que fundamento).

Calhou-me ficar no grupo que defendia a Ré. E posso já dizer que foi uma tarefa difícil! A primeira vez que li a petição inicial pensei Bolas, eles têm razão! Nós somos mesmo culpados!

Depois disso, foi preciso um esforço criativo muito grande para nos tentarmos defender de todas as acusações: aqui, ao contrário da vida real (ou, se calhar, um bocadinho até como na vida real) podíamos usar toda a nossa criatividade, uma vez que a professora não nos tinha fornecido a totalidade dos factos. Em conjunto, fizemos uma Contestação - a peça processual na qual o réu se defende dos factos alegados na petição inicial.

Na aula seguinte, apresentamos a nossa estratégia de defesa e ainda recebemos uns elogios pela parte da professora! Foi a primeira vez que todos escrevemos uma contestação, e apesar de algumas falhas decorrentes da falta de experiência, o resultado foi positivo.

A próxima fase será simular a audiência final, em que vamos mesmo começar a brincar ao faz de conta, e fingir que somos advogados, testemunhas, réus e autores. 

Mal posso esperar!

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17 de Março, 2023

Em que língua fala o amor?

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Dizem os entendidos que há 5 linguagens de amor: o toque físico, as palavras de carinho, o tempo de qualidade, os atos de serviço e a oferta de presentes. Claro está que os seres humanos não foram feitos para caber todos numa caixa e em diferentes momentos e com diferentes pessoas podemos alterar a forma como comunicamos o nosso amor.

Não sou boa com palavras e emoções, nem toda a confusão que daí vem. Não gosto assim tanto que me toquem e aceito abraços de muitas poucas pessoas.

Por outro lado, adoro dar prendas - ou melhor, adoro fazer prendas e depois oferece-las. Gosto do processo criativo que acontece primeiro, e dá-me imenso gozo ver a ideia que tive a materializar-se. Quando termino, fico sempre contente com o resultado final e muito ansiosa para que a pessoa abra o embrulho (normalmente, feito com papel de jornal). Acho que este tipo de presentes tem muito mais valor do que o relógio mais caro que conseguimos encontrar numa loja, e é, para mim, uma maneira de mostrar o quanto gosto de alguém.

Apesar disso, acho que a minha linguagem preferida é definitivamente o tempo de qualidade. Adoro um bom jantar com os meus amigos onde a comida é ótima, mas a conversa é melhor. Uma tarde a pintar quadros com a minha avó. Um passeio pela baixa do Porto. Uma manhã a jogar Monopólio com o meu primo. Fazer biscoitos. Ir ver o pôr do sol ao jardim mais perto de casa. Gosto de fazer tempo para estar com alguém e, admito, gosto quando fazem esse tempo de volta para mim. 

 

E será que pode uma relação (qualquer que seja o tipo) resultar com duas pessoas com linguagens de amor diferentes? 

Na teoria consigo compreender: grande parte do amor é a adaptação e a cedência ao outro. Cada pessoa expressa amor de maneira distinta, e isso não quer dizer que o amor não esteja lá.

Mas e na prática? Como é que isso funciona?

Ainda estou para perceber.

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15 de Março, 2023

Quatro ao Piano

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Outro dia sentei-me ao piano e estávamos 3: eu, o piano e a minha memória muscular.

Eu comecei a aprender a tocar quando tinha 5 anos, e continuei a ter aulas até aos 19.

O piano foi-me oferecido pela minha avó um bocadinho depois do início desta jornada de aprendizagem. Nos primeiros anos de aulas, a professora escrevia sempre nas avaliações: Falta um piano em casa!! O piano lá chegou e eu parei de ter uma desculpa para não treinar durante a semana.

A minha memória muscular é o que me permite dizer, Passados estes últimos 3 anos parada, que ainda consigo e sei tocar piano - ainda que com alguns erros pelo meio, está claro. É inacreditável como estas coisas funcionam. Eu posiciono as mãos em cima do teclado e elas mexem-se sozinhas, sem exigir que o meu cérebro pense no que está a fazer e sem necessidade dos meus olhos lerem a pauta à minha frente.

Quando parei com as aulas, parei também com o treino em casa. Recentemente, voltei a tocar, e apercebi-me desta maravilhosa memória muscular que as minhas mãos armazenam (sim, sei que na verdade esta informação está é armazenada no cérebro, mas para propósitos poéticos perdoam-me a imprecisão científica).

Recentemente, decidi voltar a tocar e tenho-me dedicado a rever músicas antigas e apercebo-me que essa memória muscular não me safa de toda a prática que não aconteceu nos últimos anos.

Quase que tive de arranjar um banco maior: agora, quando me sento ao piano temos de ser 4, para compensar todo o tempo que estive parada: eu, o piano, a minha memória muscular, e a minha paciência.

A minha paciência, confesso desde já, não é muita. Gosto de fazer as coisas bens à primeira e chateia-me não conseguir olhar para qualquer partitura e as minhas mãos saberem imediatamente o que fazer. Tenho estado a treinar músicas que há uns anos tocava com uma facilidade enorme, mas que agora exigem muita paciência da minha parte: tocar com a mão direita até não dar nenhum erro, tocar com a mão esquerda até sair um som limpinho, "juntar" as duas mãos e praticar, praticar, praticar!

Mas tenho de reconhecer que esta paciência, acrescida com uma dose generosa de persistência, já me deu alguns sorrisos ao teclado: corrigi os erros que a minha memória muscular tinha guardado, e retomei umas músicas que já não tocava há muito tempo.

Irei continuar a treinar com a certeza de que um dia vamos voltar a ser só dois: eu e o piano.

M

 

13 de Março, 2023

Pequenas Saudades

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Quando voltei de ERASMUS já tinha, admito, algumas pequenas saudades acumuladas, como brincar com o meu cão, pintar quadros, a minha confortável almofada, comer sopa e picanha.

Muitas destas saudades eram relacionadas com um dos maiores prazeres da vida: a comida. A minha casa em Liubliana não estava equipada com microondas nem forno, então tive de "aprender" (ou melhor, habituar-me) a não só cozinhar como também aquecer tudo no fogão. A pior parte era o arroz, que insistia em ficar frito depois de poucos minutos na frigideira.

Os meus hábitos de alimentação e a oferta reduzida de alimentos no país (porque sim, a culpa não podia  ser só minha) resultaram num leque muito restrito de refeições que eu fazia. Tinha saudades de rissóis e croquetes, de um bom croissant (que não se encontra nenhum melhor sem ser no Porto) e principalmente de uma deliciosa lasanha caseira (a minha comida preferida). Durante a semana que estive no Porto nas férias de Natal matei saudades disto tudo, então o mês de janeiro custou menos ao nível gastronómico.

Para além da comida, tinha saudades de uns pequenos detalhes da minha casa: comer com guardanapos de pano e uma toalha de mesa, ter um micro-ondas e um forno que aumentam exponencialmente o número possível de refeições e poder andar descalça (ou de meias, que está frio) e saber que não ia acumular imenso pó nos pés.

Comecei também a sentir saudades de coisas mais estranhos, como a minha cozinha ou a minha casa de banho. Como assim alguém tem saudades de uma cozinha?! E eu, sendo sincera, não gosto assim tanto da minha cozinha. Mas é a minha, e é confortável.

Para dizer a verdade, não gostei desta versão de mim com estas mini-saudades. É uma perspetiva tão materialista da vida (!) e não é assim que quero ser. Em ERASMUS, como o espaço nas malas era limitado levei pouquíssimos objetos pessoais e descobri que, afinal, não preciso de nem um décimo da tralha que tenho no meu quarto. Sentir estas pequenas saudades ao mesmo tempo que me apercebi que preciso de pouca coisa para estar bem e confortável é, vamos admitir, um bocadinho contraditório.

(A par destas pequenas saudades tinha também, claro, algumas grandes saudades. Apesar dos telemóveis diminuírem as distâncias nada se compara ao contacto físico e à presença na vida real.)

Já estou em Portugal há umas semanas e já tive tempo para matar estas saudades. Já cozinhei lasanha e tudo o resto que o meu estômago quase que chorava por. Já brinquei com o meu cão e acho que ele já se habitou à minha presença constante. Já regressei às colagens e aos passeios pela loja dos chineses. Já me choquei com o aumento dos preços dos croissants e continuei a comê-los com o mesmo gosto. Já já já...

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Agora - e como era de esperar - tenho algumas pequenas saudades da minha vida lá.  

Nem seria eu se não fosse desta maneira.

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10 de Março, 2023

Havia muito sol do outro lado - Colagens #9

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Título: Havia muito sol do outro lado

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Data: 12-03-2021

"... Não chegou a tocar 5 vezes. Ele correu para a cabine e atendeu.

-Está?

Estava muito sol do outro lado. Era, tinha de ser, uma tarde de sol.

-Posso falar com o Gustavo?

A voz dela iluminou a cabina. (...)

Ela riu-se. Meu Deus - era como beber sol pelos ouvidos"

Esta colagem foi inspirada numa crónica de José Eduardo Agualusa. Quem atendeu o telefone não foi o Gustavo, mas ele bem queria que fosse esse o seu nome.

Às vezes acontece o amor.  E como é que aqui se chegou?  E agora como é que daqui se sai?

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Durante a quarentena dei explicações online num projeto muito giro chamado Universitários contra Pandemia, onde alunos universitários voluntariavam-se para dar explicações a crianças que precisavam e se inscreviam na plataforma. Uma menina do 6º ano tinha trabalhos de casa de português: exercícios com base nesta crónica de José Eduardo Agualusa.

Adorei o texto assim que o li, e soube logo que queria fazer uma colagem com base nele. Este foi o resultado.

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Para quem possa ter interesse em ler a crónica completa pode fazê-lo aqui.

 

08 de Março, 2023

A avó do meu amigo

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Numa aula aleatória de Português no 8º ano, a avó do meu amigo foi à escola falar-nos sobre poesia. Já não me lembro de quase nada que disse, mas um conselho que deu ficou comigo até hoje: peguem num caderninho e  apontem os vossos poemas preferidos. Desde esse ano que assim o fiz.

O primeiro poema que escrevi, em julho de 2015,  foi o Não digas nada, de Fernando Pessoa. Adoro especialmente os versos Há tanta suavidade em nada dizer/E tudo se entender. 

Alguns poemas têm pequenas notas: por exemplo na página do poema Quando eu nasci escrevi no final da página "Poema preferido da vovó R".

Tudo o que eu achasse bonito guardava e depois escrevia aqui. Já passaram 8 anos e ainda uso o mesmo caderno, quase sem espaço.

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Sempre que abro o caderno penso na avó do meu amigo, e no quão boa foi esta ideia que a senhora nos deu há tantos anos.

Folheá-lo é quase como viajar no tempo, e revisitar diferentes alturas da minha vida, com diferentes sentimentos, e diferentes poemas que me marcaram. 

O último poema que apontei foi em fevereiro do ano passado, de Samuel Becket:

Falhar melhor não sei,

mas falhar sempre

exige muita pontaria.

 

Está na altura de atualizar o caderno, entretanto já descobri muita nova poesia bonita :)

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07 de Março, 2023

Devagar se vai - Colagens #8

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Título: Devagar se vai

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Data: 07-12-2020

Esta colagem foi inspirada no poema de Billy Collins que me tocou especialmente pela sua ambiguidade de interpretação  - "Sinto mesmo a tua falta mas da maneira que a seta falha o alvo".

Esta peça conta a história de um amor que já terminou mas que continua a ser amor. Agora, debate-se se valerá, ou não, a pena salvá-lo.

Não apressemos as coisas boas. Devagar se vai.

E de que maneira é que a seta falha o alvo? Redondamente. Ou então por pouco.

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06 de Março, 2023

21 dias e mais alguns

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Dizem por aí que se demora 21 dias a criar um hábito. Pelo que procurei, não existe nenhum fundamento científico que traga alguma verosimilidade a esta afirmação, mas a verdade é que a ideia pegou.

Tinha um hábito terrível de me deitar na cama à noite e fazer scroll infinito no telemóvel, quase sem sequer prestar atenção ao que estava a ver. Apesar da minha clara falta de interesse, continuava a deslizar o dedo pelo ecrã simplesmente porque não tinha a disciplina suficiente para me obrigar a parar e pousar o telemóvel. A solução que arranjei foi implementar a regra de me deitar com ele longe da cama.

Não acredito em restrições excessivas ou exageradas e acho que tudo é bom na medida certa, mas a verdade é que tive de ser um bocadinho rígida comigo mesma para parar com esta péssima mania.

Hoje posso dizer que já há uns bons dias que vou dormir com o telemóvel longe da cama. Fiz isto a prezar pela quantidade do meu sono, e também porque sempre quis experimentar se realmente bastam 21 dias para criar um hábito.

Sendo sincera, não tem sido difícil adaptar-me a este novo costume. Nos primeiros dias, antes de me deitar ligava uma meditação qualquer e programava o telemóvel para se desligar passado um bocado, mas depois fui-me apercebendo que não precisava mesmo desse barulhinho de fundo nos primeiros minutos em que me deito.

Quase sem dar conta, e mesmo sem intenção, acabei por criar uma rotina noturna: quando é hora de ir dormir, ponho o telemóvel a carregar em cima da secretária, vou à casa de banho fazer o meu ritual de cuidados de pele e, quando termino, meto-me na cama já meia embalada para dormir. Há dias em que demoro um bocadinho mais do que outros a adormecer, mas mesmo nessas alturas fico feliz por estar a conseguir resistir à tentação de pegar no telemóvel.

Já passaram mais de 21 dias e acho que posso dizer que consegui realmente criar o hábito de me deitar sempre com o telemóvel longe da cama. A qualidade do meu sono não melhorou, mas a quantidade sofreu, sem dúvida, um aumento considerável.

Da próxima vez que quiserem implementar um hábito já sabem: experimentem-no durante 21 dias. Pode não pegar, mas pelo menos durante 21 dias foram a pessoa que queriam ser ;)

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