Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Designing My Dream Life

28 de Fevereiro, 2023

Inquietação - Colagens #7

M

Título: Inquietação

9.jpgData: 6-12-2020

Adorei fazer esta colagem porque foi a primeira vez que me lembrei de juntar poemas. Quando li "hesitar entre a perfeição e o desastre"  (de Gonçalo Tavares) achei que essa frase era o mote ideal para fazer uma nova colagem. Esta peça reflete as minhas inquetações no momento: a mudança, o vazio e a inexorável passagem do tempo.

As cores claras, o destaque a amarelo do que escolhi não me esquecer e a sempre presente Natureza.

O instante, a mudança, o silêncio. 

*

M

27 de Fevereiro, 2023

Personagem Principal

M

No século XVII, Galileu Galilei foi julgado por heresia pela Inquisição porque defendia que a Terra, afinal, girava à volta do Sol, e não o oposto. Ora, este modelo heliocentrista não foi, de todo, visto com bons olhos pela Igreja Católica que defendia que a Terra é que era o centro do Universo e tanto o Sol como todos os planetas, giravam na sua órbita.

Esta descoberta de Galileu ocorreu na época do Renascimento, um período da história marcado por diversas revoluções científicas e por uma corrente de pensamento denominada Humanismo. Os humanistas defendiam que o homem estava no centro do universo e era a medida de todas as coisas. Esta visão contrariava as crenças medievais da Igreja e, por esse motivo, vários humanistas foram queimados em fogueiras.

Agora, já sabemos que não somos o centro do Universo. Contudo, há uma ideia relativamente parecida a ser transmitida – o ser humano como personagem principal da sua vida, e podemos, de certo modo, continuar a agir como se, afinal, o sol girasse à nossa volta.

Não somos a personagem principal na história de toda a gente, mas somos a personagem principal na nossa história, e é nisso que nos devemos focar.

m.jpg

 

Acima de tudo, agir como a personagem principal significa assumir responsabilidade pelas nossas escolhas e ações, e conscientemente ter a iniciativa de "ir atrás" dos nossos objetivos. A ideia é não sermos um mero espectador da nossa vida, e sim agir ativamente para criar (e viver) a vida que idealizamos.

Este conceito de "agir como a personagem principal" propõe ainda que romantizemos a vida, com o intuito de vivermos mais felizes e aproveitar os momentos mais pequenos sem ter de estar sempre à espera do próximo grande acontecimento. 

Para mim, agir como a personagem principal é acreditar que todos os detalhes são, na verdade, grandes, e que as rotinas e os dias iguais não precisam de ser aborrecidos e monótonos. Por exemplo, tenho de estudar, mas posso fazê-lo num cenário bonito. Pode parecer irrelevante para quem vê "de fora", mas melhora exponencialmente o meu dia.

Assim, em vez de pensar na pessoa que, um dia, gostava de ser escolho - conscientemente - agir já como se fosse essa pessoa.

mm.jpg

Nem todos os dias serão incríveis e memoráveis, mas se olharmos com atenção certamente encontramos pequenos momentos que tornam o dia mais bonito e especial. 

E o melhor de tudo é que podemos ser nós a criar esses momentos.

M

24 de Fevereiro, 2023

Escolher ser feliz

M

A certa altura meti na cabeça que só o que eu deixava é que me punha triste. Depois disso, fiz um esforço mesmo muito grande para que assim fosse - se eu não quisesse, determinado assunto não me entristecia. 

Mais tarde, mudei a minha maneira de ver as coisas: eu não consigo escolher o que é que me deixa triste, mas consigo escolher como é que reajo depois de estar triste. Agora tento, conscientemente, escolher não perder tempo a estar triste.

A vida segue - connosco ou sem nós. E que piada é que tem a vida seguir e nós ficarmos parados no mesmo sítio, a sentir pena de nós próprios por toda a tristeza que sentimos? O ideal é não ocuparmos o nosso tempo a estar triste, e a aprender a seguir com a vida apesar de nos sentirmos assim.

De todas as noites que, por qualquer que fosse o motivo, me pareceram o fim do mundo já me apercebi que no dia seguinte o sol volta a nascer e nós podemos tentar de novo. Claro que podemos acordar ainda tristes, mas mesmo nesse cenário há um novo dia pela frente e o mundo, afinal, continuou a girar.

m.jpg

Da mesma maneira que não podemos escolher o que nos deixa triste, acho que também não escolhemos o que nos deixa feliz. Contudo, podemos escolher propositadamente rodearmo-nos dessas coisas que descobrimos que nos trazem felicidade.

Brincar com o cão. Fazer colagens. Ir às compras. Passar tempo com as pessoas que gosto. Pintar um quadro. Arranjar o cabelo. Escrever para o blog. Ver o pôr-do-sol. Viajar.

Podemos escolher estar ocupados a ser feliz. Seguir com a vida estando feliz.

E, entretanto, descobrir que, afinal, conseguimos escolher ser feliz.

M

22 de Fevereiro, 2023

Quem queres ser? - Colagens #6

M

Título: Quem queres ser?

8.jpg

Data: 05-12-2020

Resposta: o tipo de pessoa que tem plantas e as consegue manter vivas.

**

Esta colagem não precisa de muitas palavras e explicações. A certa altura, decidi que queria ser o tipo de pessoa que tem plantas e tive, claro, de fazer uma colagem sobre o assunto.

Spoiler: não consegui - pelo menos durante muito tempo - ser esse tipo de pessoa. 

M

21 de Fevereiro, 2023

Ser e Estar

M

Em inglês, o verbo ser e o verbo estar é o mesmo – to be. Se alguém diz I am happy, ninguém percebe se essa pessoa é feliz ou se está feliz. Mas, vamos ser sinceros, isso pouco importa. Se calhar, na língua portuguesa o mesmo devia acontecer, para evitar entrar-se em debates filosóficos de estar feliz vs ser feliz.

Estes dois verbos distintos – ser e estar – são, em parte, o que torna o português uma língua tão complexa (e, diriam alguns, difícil de aprender).

Ambos os verbos são copulativos, isto é, exigem algo mais (algo que, na gramática, tem o nome de predicativo do sujeito). Aparentemente, a língua portuguesa não deixa ninguém só ser, ou só estar. Exige-se que se seja algo. É preciso que se esteja nalgum sítio.

É gramaticamente incorreto dizer apenas Eu sou. ou Eu estou. Mas no mundo terreno – aquele onde vivemos fora dos livros e das regras – será que não é até desejável chegar a um ponto ou podemos só ser, ou onde basta apenas estar?

Os budistas têm uma aspiração emocional e sentimental muito interessante, à qual dão o nome de Nirvana. Consiste em atingir um estado tal de libertação, calma, paz, e pureza de pensamentos. Para eles, só estar é suficiente.

Não precisamos de ir tão longe para encontrar mais exemplos de quem só pretendia estar, ou ser. Alberto Caeiro - um dos numerosos heterónimos do poeta português Fernando Pessoa - diz que pensar é estar doente dos olhos. Para ele, o pensamento basta-se com a visão e a audição, e recusa o pensamento metafísico. Resolve, assim, muito facilmente toda a dor de pensar muito presente noutros poemas e heterónimos de Pessoa.

O meu poema preferido de Caeiro fala sobre o rio que corre na sua aldeia. Termina assim:

Ninguém nunca pensou no que há para além

Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.

Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

 

Quão bonito (e diria até, desejável) é ver só o que está à nossa frente, e resistir à tentação de ver o que não está lá? 

Às vezes, queria ser mais como Caeiro.

M

PS: para quem quiser ler o poema completo, deixo aqui o link.

20 de Fevereiro, 2023

Sou criativa, e agora?

M

Como já tinha escrito aqui, durante a minha experiência de ERASMUS apercebi-me que gostava de potenciar e desenvolver mais o meu lado criativo, mas não sabia como. No dia 17 de novembro de 2022 tive a ideia de começar um Creativity Journal (diário da criatividade). O intuito da publicação de hoje é partilhar um pouco da minha pesquisa e conclusões sobre a criatividade e como a podemos procurar.

Estava muito contente com esta ideia e com o meu caderno novo, mas não fazia ideia por onde começar. A primeira perguntar que me coloquei foi Como aumentar a criatividade? Depois de pesquisas no Google e no Pinterest, e alguma reflexão sobre de que maneira é que tenho as minhas ideias mais criativas, escrevi a seguinte lista:

    1. Procurar inspiração

Não podemos simplesmente esperar que a criatividade nos encontre. Por vezes, será necessário procurar novas fontes de inspiração que potenciem ideias e nos motivem a gerar respostas únicas. Esta procura por inspiração pode, ou não, ser intencional.

Normalmente, a maior parte das minhas ideias surgem quando não estou parada a pensar no assunto. Isto é, estou na minha rotina, mas tenho no pensamento de que preciso uma solução para o assunto x. E assim, de repente, surge-me uma ideia, que depois desenvolvo com mais calma e ponderação.

Por outro lado, podemos propositadamente ir "à procura" de inspiração. Um bom exercício de autoconhecimento a fazer nesta fase é refletir sobre quais são as nossas fontes de inspiração, para quando precisarmos delas o percurso ser mais fácil.

   2.  Caminhar

Já antes da minha pesquisa tinha ouvido falar deste conceito de creativity walks. A ideia é sair de casa, apanhar ar e pensar em soluções para a questão com a qual nos deparamos.

Sinceramente, isto não resulta comigo porque sinto que se me estiver a forçar muito para ter uma ideia ela não aparece.

A propósito deste ponto assisti a uma Ted Talk intitulada Want to be more creative? Go for a walk (Queres ser mais criativo? Vai dar um passeio)

A oradora diz que a caminhada como fonte de criatividade só funciona na primeira fase da procura de ideias - o Brainstorm, e determina 5 passos para uma caminhada criativa de sucesso

Escolher um tema/problema para pensar (para a caminhada ser frutífera temos de estar intencionalmente a pensar nalgum assunto

Caminhar a um ritmo confortável

Ter o máximo de ideias possíveis

Falar e gravar as nossas ideias (achei este passo realmente interessante na medida em que partilhar com alguém as minhas ideias tem ajudado a melhora-las, então a proposta de falar sozinho e gravar o que dizemos para mais tarde ouvir parece-me fazer sentido)

Determinar um limite temporal (se as ideias não chegam não há problema em terminar o passeio e recomeçar noutra altura)

   3. Pedir ajuda/opinião

Muitas vezes estamos tão absorvidos num problema que não temos a visão clara para uma solução que, provavelmente, é bastante óbvia. Nesse sentido, pedir opinião a alguém que está "de fora" pode ajudar a encontrar essa solução.

    4. Escolher uma ideia terrível

Achei este ponto muito engraçado, por acaso. Basicamente, o que se propõe é que se escreva todas as piores ideias que tivermos (eu acrescentaria, e registar as ideias impossíveis também) e depois se reúna as boas características dessas más ideias. O objetivo é que ao olhar para essa lista das boas características surga uma ideia nova e melhor.

    5. Brainstorm

Esta expressão inglesa traduz-se literalmente para "tempestade de ideias".  É uma técnica muito conhecida no mundo dos negócios e tem como base o pressuposto de que "todas as ideias são boas ideias", de modo a ninguém se sentir inibido de partilhar a sua perspetiva.

Também com problemas do foro criativo esta técnica pode resultar. Quer estejamos sozinhos ou em grupo à procura de uma solução, o que se pretende é "despejar" todas as ideias, com a pretensão de atingir a melhor ideia possível.

Para além destes 5 pontos, eu acrescentaria ainda outro: ter tempo.

A verdade é que na correria e rotina do dia-a-dia é difícil ter tempo para dedicar à criatividade, ao pensamento crítico e à assimilação e desenvolvimento de ideias. Em ERASMUS, com mais tempo livre, tive a oportunidade de refletir sobre como sou uma pessoa criativa e como gostava de explorar este meu lado.

Ainda a tentar perceber mais sobre o que potencia a criatividade, decidi assistir a algumas Ted Talks sobre o tema.

* The surprising habits of original thinkers (Adam Grant)

Nesta conversa, Adam Grant expõe os 3 hábitos que observou nas pessoas originias (os chamados original thinkers).

1. As pessoas originais estão sempre para trás

Um estudo descobriu que as pessoas que mais procrastinam as suas tarefas são aquelas que apresentam os resultados mais criativos. É crucial, contudo, que para esta criatividade aparecer as pessoas já saibam a tarefa que têm em mãos.

" A procrastinação dá-te tempo para considerar ideias divergentes e pensar em maneiras não lineares."

2.As pessoas originais têm medo e dúvidas

Nesta fase, Adam Grant fez a distinção entre a dúvida própria (self-doubt) e a dúvida da ideia (idea-doubt).

Enquanto que a  primeira é paralisante e nos leva a duvidar de nós próprios, a segunda é energética e motiva-nos a testar novos cenários e expandir o pensamento.

Para além disso, Adam apresentou o oposto do deja vu: o vuja de, que significa olhar para uma coisa que já vimos muitas vezes mas fazer essa observação com novos olhos.

3. As pessoas originais têm muitas más ideias

"As pessoas mais originais são aquelas que falham mais, porque são aquelas que tentam mais. Precisas de ter muitas más ideias se queres ter algumas boas

* Embrace the remix (Kirby Ferguson)

Segundo Ferguson, as nossas ideias são simplesmente um remix daquilo que já existe, e faz uma analogia com os remixes de músicas. Na sua opinião, os 3 elementos básicos da criatividade são:

1. a Cópia,

2. a Transformação,

3. a Combinação.

Apesar de não ter gostado especialmente desta Ted Talk, esta ideia é bastante interessante porque a verdade é que vivemos num mundo onde parece que já tudo foi criado. Assim, pode ficar difícil ter ideias originais e criativas. A solução é, então, olhar para o que já foi feito e tentar melhorá-lo, combinando com outras ideias e acrescentando o nosso cunho pessoal.

Este percurso de intencionalmente procurar a criatividade não tem, obviamente, um fim, mas estou feliz por já o ter iniciado. Depois desta pesquisa mais teórica tenho-me focado a escrever as minhas ideias no caderno, dividindo-as em duas categorias:

- Ideias Aleatórias

O objetivo é escrever, como o nome indica, as ideias aleatórias que vou tendo, com o intuito de as executar ou guardar para quando surgir a necessidade/oportunidade. Estou a tentar sempre identificar a fonte de inspiração de cada ideia, com a pretensão de vir a descobrir se há algum padrão.

(E sim, a ideia de criar um blog foi escrita e desenvolvida neste meu caderno.)

- Ideias Absurdas

Esta categoria serve como um local de brainstorm de todas as ideias absurdas ou impossíveis que eu tiver. Apesar de não serem exequíveis, eu registo-as sempre com o máximo de detalhe, como se as fosse pô-las em prática logo no dia seguinte.

Espero que esta publicação tenha sido interessante e útil e vos desafie a pensar mais criativamente 😊

M

Nota: este texto já tinha sido publicado em janeiro, mas, por lapso, apaguei-o, portanto volto, agora, a publicar :)

Links das Ted Talks mencionadas, para quem possa ter interesse:

Want to be more creative? Go for a walk - https://www.ted.com/talks/marily_oppezzo_want_to_be_more_creative_go_for_a_walk

The surprising habits of original thinkers https://www.ted.com/talks/adam_grant_the_surprising_habits_of_original_thinkers

Embrace the remix -  https://www.ted.com/talks/kirby_ferguson_embrace_the_remix

 

17 de Fevereiro, 2023

Cabeça ao Vento - Colagens #5

M

 

Título: Cabeça ao Vento

7.jpg

Data: 20-08-20220

Depois da última colagem A  Arte de Ficar dei por mim num impasse criativo - e reconheço, sem tempo para me dedicar a isto também. O confinamento acabou, já podia sair à rua e aproveitei-me dessa recém descoberta liberdadeTinha muitas palavras soltas recortadas. Não segui nenhuma lógica ou ordem propositada, fui apenas colando as várias palavras e esta peça surgiu.

A cabeça está cheia de pensamentos, é certo. Mas não no sentido onde isso dá lugar a ansiedade - e as diferentes cores utilizadas vêm provar precisamente isso. É ok pensar em muita coisa. É ok ter muitas emoções e estarem todas misturadas.

E podemos andar com a cabeça ao vento, em vez de estar com ela enfiada na areia feita avestruz com medo e a matutar cada detalhe do que vai acontecendo.

**

M

16 de Fevereiro, 2023

Escapadinha de fim de semana

M

Lembro-me de, há uns anos, ler numa revista um artigo sobre o conceito de slow living (viver devagar) e as suas implicações em diferentes vertentes - como slow eatingslow travelling (comer e viajar devagar).

Recordo-me do segmento sobre slow travelling me ter marcado especialmente. Este conceito é contra as viagens curtas, uma vez que não permitem ao viajante mergulhar no ambiente e cultura do local para o qual viaja. Para além disso, propõe que se visite para além dos pontos turísticos, que se contacte com os locais e que se prove a comida típica. Neste sentido, as viagens prolongadas são o ideal para quem gosta de slow travelling, uma vez que permitem ao viajante vaguear calmamente pelas ruas, conhecer os segredos locais e entrar no espírito da cidade.

Hoje não venho escrever sobre slow travelling, mas sim precisamente sobre o oposto - uma escapadinha de fim de semana. Ora, esta ideia de escapadinha - ou, como se diz em inglês, weekend getaway - vai precisamente contra tudo o que o conceito de slow travelling defende. Nestes curtos dias, como o tempo é pouco, a pressa e a organização tem de ser muita. O roteiro deverá ser determinado com uma precisão quase ao segundo, para nos certificarmos que não perdemos nenhum ponto turístico dado como imperdível num qualquer artigo de opinião que lemos antes de entrar no avião.

No último fim de semana, o destino escolhido para a minha escapadinha foi Madrid. Não tinha, admito, uma vontade especial de visitar essa cidade, mas tinha - na verdade, tenho sempre - uma vontade especial de viajar. Assim, esta escolha foi baseada num mero fator: praticidade. A Ryanair tem voos diretos para a capital espanhola a partir do Porto e, para estas datas, os preços estavam bastante simpáticos.

O voo de ida foi sábado, pelas 7h30, e o regresso domingo, às 23h30, esticando ao máximo estes dois dias de turismo. Em menos de 48h, consegui não só visitar todos os pontos da lista previamente feita, como ainda pude andar pelas ruas sem destino e sossegar os pés cansados nos belos Jardins do Parque do Retiro.

O contacto com os locais ocorreu apenas com os funcionários de museus que insistiam em falar espanhol comigo como se eu tivesse a obrigação de perceber a língua e como se não fosse (quase) óbvio que era uma turista. Fora isso, não interagi com nenhum local que me levou a conhecer as ruas mais secretas (como sempre acontece nos filmes).

Relativamente à comida típica, tenho de admitir que não gosto de demasiados alimentos para me permitir arriscar e comer as típicas tapas espanholas.  O jantar de sexta foi num restaurante de hambúrgueres que também há no Porto e o (ótimo) pequeno almoço de domingo teve lugar num sítio com uma ementa igual a tantas outras que existem na minha cidade. Não fosse a deliciosa empanada de frango que comprei numa das várias banquinhas do Mercado San Miguel , a prova de comida local não acontecia.

As visitas e fotografias restringiram-se aos pontos turísticos e expectáveis de uma ida a Madrid: Museu do Prado, Museu Rainha Sofia, Palácio Real, Palácio de Cristal, Jardins do Retiro, Templo de Debob, Praça de Espanha (...).   Como seria de esperar, uns sítios maravilharam-me mais que os outros.  Ainda assim, não foi necessário andar a correr de um lado para o outro e houve tempo para apreciar o momento e o local (corri quase todas as "capelinhas" do Museu do Prado, os meus pés já só me pediam para parar - mas a arte lá exposta vale muito a pena visitar).

Isto das escapadinhas vai mesmo contra tudo o que o slow travelling defende - está mais que óbvio que passei ao lado de tudo isso. Mas não me queixo. Não fui com outra intenção senão esta.

Prefiro deixar a vida lenta para a calma das montanhas e os sítios que já me conhecem, e continuar a aproveitar assim fins de semana para escapar da correria da minha vida e entrar na correria de outras cidades.

Um dia destes que viva lentamente venho aqui escrever sobre o assunto ;) 

M

15 de Fevereiro, 2023

A Arte de - Colagens #4

M

Título: A Arte de Ser

4.jpg Data: 10-06-2022

Ser independentemente do tempo, e ser com o seu quê de poeta. Porque ou romantizamos a vida e os seus pequenos prazeres - como este hobby que alegremente descobri - ou maldito do tempo. 

Mudamos constantemente. Aprendemos constantemente. E somos, constantemente, o resultado das nossas ações.

**

Título: A Arte de Ficar

5.jpg Data: 10-06-2020

Depois de estarmos, e sermos, está na altura de ficarmos e apreciarmos a paisagem. Fazer como Alberto Caeiro disse, e estar à beira do rio e estar só à beira do rio.

A Arte de ficar no presente - "o espaço onde todos cabem".

**

Estas duas colagens, juntamente com a Arte de Estar fazem parte da mini coleção "A arte de...". 

Apesar de mais simples, gosto da mensagem que pretendi transmitir. A arte de ser aborda a temática da passagem do tempo e do que podemos fazer com ele, sempre com uma ligação muito forte com a Natureza, já abordada na Arte de Estar.

Depois de estarmos e sermos, está na altura de ficar. Nesse sentido, a Arte de Ficar, com duas cores suaves e felizes - o rosa e amarelo - demonstra o prazer das pequenas coisas, a maneira de buscar simplicidade.

Não vale a pena andarmos cheios de pressa se não pararmos para apreciar a vida de quando em vez. Há mar e mar, há ir e voltar. Mas há também que ficar. Parar. Olhar à volta e apreciar a paisagem.

Porque tudo passa num piscar de olhos.

M

14 de Fevereiro, 2023

O melhor dos amores

M

Há relativamente pouco tempo, Miley Cyrus lançou uma nova música que rapidamente conquistou os ouvidos e o coração do público, principalmente o feminino. A música Flowers (Flores) é quase como que um hino ao amor próprio. 

Confesso que também eu adorei esta música. Não só tem um ritmo animado que me deixa com vontade de dançar, como a mensagem que passa é muito importante, principalmente numa indústria cheia de músicas supostamente sobre o amor, mas que falam, na verdade, do coração partido.

Esta canção conta o que acontece depois de um término amoroso. A mulher quer chorar mas lembra-se que pode oferecer-se flores, escrever o seu nome na areia, falar consigo mesma, segurar a própria mão e levar-se a dançar. Basicamente, ela consegue amar-se melhor do que outra pessoa conseguiria.

A famosa pirâmide de Maslow organizou hierarquicamente as necessidades do ser humano. Na base estão as necessidades fisiológicas, seguida das necessidades de segurança, as necessidades sociais, as necessidades de estima e, no topo, a necessidade de realização pessoal.

Seguindo esta ordem, o amor próprio estaria em quarto lugar nas prioridades de necessidade do ser humano, inserido na categoria das necessidades de estima (mais concretamente, a auto-estima). Mas será que isto do amor próprio não merecia uma categoria individual, com direito a ocupar o lugar da base? Como é que vamos fazer tudo o resto se não tivermos amor por nós?

De que vale uma relação íntima - o terceiro "piso" desta pirâmide - se não temos primeiro uma relação boa e bem resolvida connosco mesmo? Não conseguimos estar bem com alguém se não estivermos bem connosco próprios primeiro. Seja quem for essa outra pessoa. Como é que podemos pedir ou querer que alguém nos ame se não nos amamos primeiro? 

Não preciso que alguém venha e seja a outra metade da minha laranja. Já me sinto uma fruta inteira sozinha. Da mesma maneira, não preciso que alguém me ofereça flores quando sou bem capaz de ir à loja e escolher as que mais gosto.

Não precisar, contudo, não é sinónimo de não querer. Quero sempre ser primeiro a minha própria pessoa, antes de ser o que quer que seja de alguém. Consigo fazer-me feliz sozinha, mas não quer dizer que não goste também de estar com os meus amigos e família a ser feliz em conjunto. Só não quero depender de alguém ou de alguma coisa em específico para manter essa felicidade.

É claro que estar feliz é, no fundo, uma soma de pequenas coisas, e nesta matemática vários fatores contam para a equação. Só acho é que o primeiro passo terá sempre de passar por gostarmos de nós próprios, antes de qualquer outra coisa.

Há muitos amores, e não estou a diminuir nenhum desses diferentes tipos. Mas vai-se a ver e o amor próprio, afinal, é o melhor deles todos.

Porque sem amor próprio não só não chegamos a lado nenhum como também não começamos de um sítio bom.

M

PS- para quem possa querer ouvir a música, deixo aqui o link: https://www.youtube.com/watch?v=G7KNmW9a75Y

Pág. 1/2