Como já tinha escrito aqui, durante a minha experiência de ERASMUS apercebi-me que gostava de potenciar e desenvolver mais o meu lado criativo, mas não sabia como. No dia 17 de novembro de 2022 tive a ideia de começar um Creativity Journal (diário da criatividade). O intuito da publicação de hoje é partilhar um pouco da minha pesquisa e conclusões sobre a criatividade e como a podemos procurar.
Estava muito contente com esta ideia e com o meu caderno novo, mas não fazia ideia por onde começar. A primeira perguntar que me coloquei foi Como aumentar a criatividade? Depois de pesquisas no Google e no Pinterest, e alguma reflexão sobre de que maneira é que tenho as minhas ideias mais criativas, escrevi a seguinte lista:
1. Procurar inspiração
Não podemos simplesmente esperar que a criatividade nos encontre. Por vezes, será necessário procurar novas fontes de inspiração que potenciem ideias e nos motivem a gerar respostas únicas. Esta procura por inspiração pode, ou não, ser intencional.
Normalmente, a maior parte das minhas ideias surgem quando não estou parada a pensar no assunto. Isto é, estou na minha rotina, mas tenho no pensamento de que preciso uma solução para o assunto x. E assim, de repente, surge-me uma ideia, que depois desenvolvo com mais calma e ponderação.
Por outro lado, podemos propositadamente ir "à procura" de inspiração. Um bom exercício de autoconhecimento a fazer nesta fase é refletir sobre quais são as nossas fontes de inspiração, para quando precisarmos delas o percurso ser mais fácil.
2. Caminhar
Já antes da minha pesquisa tinha ouvido falar deste conceito de creativity walks. A ideia é sair de casa, apanhar ar e pensar em soluções para a questão com a qual nos deparamos.
Sinceramente, isto não resulta comigo porque sinto que se me estiver a forçar muito para ter uma ideia ela não aparece.
A propósito deste ponto assisti a uma Ted Talk intitulada Want to be more creative? Go for a walk (Queres ser mais criativo? Vai dar um passeio)
A oradora diz que a caminhada como fonte de criatividade só funciona na primeira fase da procura de ideias - o Brainstorm, e determina 5 passos para uma caminhada criativa de sucesso
Escolher um tema/problema para pensar (para a caminhada ser frutífera temos de estar intencionalmente a pensar nalgum assunto
Caminhar a um ritmo confortável
Ter o máximo de ideias possíveis
Falar e gravar as nossas ideias (achei este passo realmente interessante na medida em que partilhar com alguém as minhas ideias tem ajudado a melhora-las, então a proposta de falar sozinho e gravar o que dizemos para mais tarde ouvir parece-me fazer sentido)
Determinar um limite temporal (se as ideias não chegam não há problema em terminar o passeio e recomeçar noutra altura)
3. Pedir ajuda/opinião
Muitas vezes estamos tão absorvidos num problema que não temos a visão clara para uma solução que, provavelmente, é bastante óbvia. Nesse sentido, pedir opinião a alguém que está "de fora" pode ajudar a encontrar essa solução.
4. Escolher uma ideia terrível
Achei este ponto muito engraçado, por acaso. Basicamente, o que se propõe é que se escreva todas as piores ideias que tivermos (eu acrescentaria, e registar as ideias impossíveis também) e depois se reúna as boas características dessas más ideias. O objetivo é que ao olhar para essa lista das boas características surga uma ideia nova e melhor.
5. Brainstorm
Esta expressão inglesa traduz-se literalmente para "tempestade de ideias". É uma técnica muito conhecida no mundo dos negócios e tem como base o pressuposto de que "todas as ideias são boas ideias", de modo a ninguém se sentir inibido de partilhar a sua perspetiva.
Também com problemas do foro criativo esta técnica pode resultar. Quer estejamos sozinhos ou em grupo à procura de uma solução, o que se pretende é "despejar" todas as ideias, com a pretensão de atingir a melhor ideia possível.
Para além destes 5 pontos, eu acrescentaria ainda outro: ter tempo.
A verdade é que na correria e rotina do dia-a-dia é difícil ter tempo para dedicar à criatividade, ao pensamento crítico e à assimilação e desenvolvimento de ideias. Em ERASMUS, com mais tempo livre, tive a oportunidade de refletir sobre como sou uma pessoa criativa e como gostava de explorar este meu lado.
Ainda a tentar perceber mais sobre o que potencia a criatividade, decidi assistir a algumas Ted Talks sobre o tema.
* The surprising habits of original thinkers (Adam Grant)
Nesta conversa, Adam Grant expõe os 3 hábitos que observou nas pessoas originias (os chamados original thinkers).
1. As pessoas originais estão sempre para trás
Um estudo descobriu que as pessoas que mais procrastinam as suas tarefas são aquelas que apresentam os resultados mais criativos. É crucial, contudo, que para esta criatividade aparecer as pessoas já saibam a tarefa que têm em mãos.
" A procrastinação dá-te tempo para considerar ideias divergentes e pensar em maneiras não lineares."
2.As pessoas originais têm medo e dúvidas
Nesta fase, Adam Grant fez a distinção entre a dúvida própria (self-doubt) e a dúvida da ideia (idea-doubt).
Enquanto que a primeira é paralisante e nos leva a duvidar de nós próprios, a segunda é energética e motiva-nos a testar novos cenários e expandir o pensamento.
Para além disso, Adam apresentou o oposto do deja vu: o vuja de, que significa olhar para uma coisa que já vimos muitas vezes mas fazer essa observação com novos olhos.
3. As pessoas originais têm muitas más ideias
"As pessoas mais originais são aquelas que falham mais, porque são aquelas que tentam mais. Precisas de ter muitas más ideias se queres ter algumas boas
* Embrace the remix (Kirby Ferguson)
Segundo Ferguson, as nossas ideias são simplesmente um remix daquilo que já existe, e faz uma analogia com os remixes de músicas. Na sua opinião, os 3 elementos básicos da criatividade são:
1. a Cópia,
2. a Transformação,
3. a Combinação.
Apesar de não ter gostado especialmente desta Ted Talk, esta ideia é bastante interessante porque a verdade é que vivemos num mundo onde parece que já tudo foi criado. Assim, pode ficar difícil ter ideias originais e criativas. A solução é, então, olhar para o que já foi feito e tentar melhorá-lo, combinando com outras ideias e acrescentando o nosso cunho pessoal.
Este percurso de intencionalmente procurar a criatividade não tem, obviamente, um fim, mas estou feliz por já o ter iniciado. Depois desta pesquisa mais teórica tenho-me focado a escrever as minhas ideias no caderno, dividindo-as em duas categorias:
- Ideias Aleatórias
O objetivo é escrever, como o nome indica, as ideias aleatórias que vou tendo, com o intuito de as executar ou guardar para quando surgir a necessidade/oportunidade. Estou a tentar sempre identificar a fonte de inspiração de cada ideia, com a pretensão de vir a descobrir se há algum padrão.
(E sim, a ideia de criar um blog foi escrita e desenvolvida neste meu caderno.)
- Ideias Absurdas
Esta categoria serve como um local de brainstorm de todas as ideias absurdas ou impossíveis que eu tiver. Apesar de não serem exequíveis, eu registo-as sempre com o máximo de detalhe, como se as fosse pô-las em prática logo no dia seguinte.
Espero que esta publicação tenha sido interessante e útil e vos desafie a pensar mais criativamente 😊
M
Nota: este texto já tinha sido publicado em janeiro, mas, por lapso, apaguei-o, portanto volto, agora, a publicar :)
Links das Ted Talks mencionadas, para quem possa ter interesse:
Want to be more creative? Go for a walk - https://www.ted.com/talks/marily_oppezzo_want_to_be_more_creative_go_for_a_walk